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A carinha de assustado do paki |
Quando saía da alucinógena Casa Batlló construída por Antonio Gaudí no Passeo de Gracia, atravessei a rua em busca de um táxi para retornar à Plaza Tetuán, onde Gogó y Nery nos esperavam para comer um ravióle (divino! Prato Nº 5 da Gogó).
Eu já devia ter aprendido com uma situação que aconteceu certa vez em Roma. Quando a senhora que estava descendo do táxi me fez uma cara de desconfiada olhando de soslaio rapidamente para o motorista que lhe ntregava o troco.
Lembrei de Roma, mas já estava abrindo a porta e acabei entrando no carro. A sinaleira estava fechada e, atras do táxi, um grande ônibus esperava o sinal verde. Quando nos olhamos, eu e o motorista paquistanês, "paki" como dizem aqui, senti a tragédia. Falei rapidamente em espanhol perfeito fingindo-me de local:
- Calle Diputació entre Passeo San Juan y Roger de Flor.
- Lo qué?, me perguntou com cara de extraterrestre.
Abriu a sinaleira e tentou arrancar em terceira marcha. O carro engasgou. E apagou. Foi aquele festival de buzinas, o ônibus se agigantava no meu retrovisor e o paki me olhava desesperado como que pedindo que eu resolvesse o seu problema de primeiro dia como motorista de táxi em Barcelona, sem falar o idioma e sem saber dirigir!!!!!
- Tocá, tocá, dizia eu com medo de ser atropelado e linchado pelo público que do ponto de ônibus gritava e assoviava para o carro parado em pleno Passeo de Gracia atravancando o trânsito da cidade.
- Debria, debria, dizia eu em voz alta tentando engatar uma primeira enquanto o paki tentava ligar o carro.
- Eu vou descer, eu vou descer, dizia a Gisa em pânico no banco de trás.
- Niguém se mexe, vou resolver, dizia eu.
Começamos a andar, entramos na Gran Via e pegamos a velocidade do fluxo. Respiramos fundo, todos, e então peguei o GPS do táxi e coloquei o destino. Pronto, parecia que tudo daria certo dali para a frente.
Sinaleira vermelha, paramos e na arrancada o carro apagou de novo.
- Essa primera tiene problkhjrmjfa!!!, falou a paki, agora rindo da situação.
Engatei a marcha e andamos de novo.
- Bate a segunda, dizia eu. Pronto, começamos a seguir a voz metálica daquela moça do GPS. Depois de várias avenida, ruas e buzinadas nas costas, chegamos ao nosso destino. Ufa!
Quando perguntei quanto tinha dado a corrida percebemos que o paki não havia ligado o taxímetro. Rimos de novo, e quase cobrei a aula de trânsito que havia dado ao imigrante.
Seis euros resolveu a parada e nos depedimos rindo. Cada um para o seu lado.
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