Por Marcos Bayer
A semana foi farta em surpresas. O elogiável trabalho
da Polícia Federal na Operação Lava a Jato prendeu os graúdos do país. Aqui na
Ilha, não menos elogiável, prendeu os miúdos na Operação Ave de Rapina.
Cabe, então, uma sugestão a estas duas instituições:
Polícia Federal e Ministério Público bem que podiam organizar uma força-tarefa
(PF-MP) e fazer uma limpeza na Administração Pública brasileira. Uma tarefa
permanente.
Quando os meninos brincam de polícia e ladrão e na
brincadeira existem helicópteros imaginários, geralmente os chamam de Águia 1 e
Águia 2. Uma maneira “secreta” de fazer referência aos dois aparelhos voadores.
Alguns trechos das gravações da PF sobre os “pardais”
e a corrupção decorrente das suas contratações são assim: ingênuos como nas
brincadeiras dos meninos. “Olha, traz no elástico e no envelope a parte do
chefe”.
O que seria? Um lanche, uma tartaruga ou dinheiro?
Os dois elementos da Guarda Municipal presos com R$
100 mil reais na volta de Porto Alegre, junto com o Termo Aditivo que favorecia
a empresa responsável pela instalação dos controles de velocidade em
Florianópolis eram emissários de quem?
Do além? Da FIFA? Da Ordem dos Templários?
O ex-presidente da Câmara de Vereadores (César Luiz
Belloni Faria) é nascido em 1966. O prefeito César Souza Jr. Em 1979. Ambos
amadureceram sob a égide da Constituição de 1988. Ambos têm noções de Direito,
Administração e Cidadania.
Não se pode permitir que esta geração formada sob uma
ordem jurídica democrática, num Estado de Direito, deixe passar alguns atos de
corrupção como os da operação mencionada.
O vereador procurador da Assembleia Legislativa de
Santa Catarina, além de embolsar R$ 25 mil mensais, tem o dever do exemplo
funcional. Como representante popular, cujo mandato lhe rende mais R$ 13 mil,
tem a obrigação de tratar dos assuntos da cidade com absoluta lisura.
Não sabemos o resultado final das investigações. Não
sabemos se o Ministério Público fará a DENÚNCIA,
se o Magistrado vai recebê-la e como vai julgá-la.
Não sabemos também, ainda, como reagirão os outros
vereadores da CMF.
No entanto, o prefeito, o ex-presidente da Câmara de
Vereadores, alguns diretores de órgãos municipais e vereadores devem muitas
explicações aos cidadãos de Florianópolis. Além das explicações, rescisões
contratuais, mudanças na gestão, requalificação de pessoal, mais ética e
eficiência. A cidade não suporta mais "estórias para boi dormir".
O recém-inaugurado sistema de transporte municipal é
um exemplo do engodo. Pintaram os ônibus de azul e branco, alteraram alguns
horários e escreveram na lataria: sistema
integrado de mobilidade. Como se mobilidade urbana fosse fantasia de
carnaval.
O prefeito também não precisa divulgar nota afirmando
que foi à PF prestar esclarecimentos, espontaneamente. Ele foi intimado pelo
delegado federal e numa democracia isto não deve ser objeto de vergonha ou
medo. É rotina pública.
Também não precisa promover reunião urgente dentro de
automóvel. Assuntos políticos e públicos devem ser tratados em gabinete de
trabalho.
O trabalho, elogiável, da PF na Operação Ave de Rapina
é um presente de Natal para a cidade. É educativo e merece o apoio de todos os
cidadãos de uma República.
Gente do tipo investigado, depois de comprovada a culpa,
deve ser banida da vida pública, antes que possam vir a ser deputado, senador,
governador ou até presidente. São nocivos aos interesses da República. Devem
procurar dinheiro em atividades próprias da economia de mercado. Não na
política.
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