Parte 3 da reportagem de Renan Antunes de Oliveira para o BRIO.
Papeis.
Em
janeiro de 1994, cinco anos depois de instaurado, finalmente o
inquérito do fim da década de 80 que mencionava José Germano Neto e que
acabou servindo de base para sua prisão temporária é enviado para a
Justiça, concluindo pelo indiciamento de 11 suspeitos.
Agora sim, Germano está entre eles. É apontado como membro da quadrilha de Celsinho da Vila Vintém.
A
anotação sobre ele no relatório é sucinta: “Durante buscas realizadas
em sua residência, foram encontrados documentos que indicam o
envolvimento na quadrilha, vide fls. 256”.
O
problema, parte 1: os policiais que vasculharam os dois endereços de
Germano em 1989 nada encontraram de comprometedor. O problema, parte 2:
na folha 256 do inquérito, como mostrado no capítulo anterior, não há
qualquer menção a Germano — nem em nenhuma outra página, a não ser na
“informação” passada pelo colaborador Cabo Lopes.
O problema, parte 3:
quando Germano foi prestar depoimento, a polícia lhe devolveu todos os
papeis apreendidos (leia-se carteirinha de sócio do Campo Grande e
fotos), sacramentando a ausência de provas.
Em
2 de agosto de 1996, o então chefe da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes da Polícia Federal, o jovem delegado Luiz Cravo Dórea,
escreve ao juiz do caso que não vê como dar seguimento ao inquérito
devido ao longo tempo decorrido desde o início das apurações (sete anos)
e ao fato de que “as indiciações decorreram da convicção do então chefe
deste DRE, Vanderley Martins de Brito”. Duas semanas depois, em 15 de
agosto de 1996, a promotora Cristina Medeiros da Fonseca pede o
arquivamento do inquérito, afirmando que a elucidação deste crime
“certamente dependeria da ajuda da sorte” e que seu sucesso contaria
“exclusivamente com o acaso”.
Mas
Germano, apesar de nunca condenado, sequer processado, seguiria listado
como suspeito de tráfico de drogas nos sistemas ainda jurássicos da
polícia brasileira — e agora com passagem pela prisão. E seu nome sujo
não ficaria restrito somente ao Brasil. Outro país passaria a considerar
Germano traficante.
Leia a reportagem completa. Beba na fonte.
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