por Marcos Bayer
Nem sempre ela vem toda de branco, toda molhada, despenteada e não é o meu amor... Às vezes, muitas vezes, ela é... O meu amor...
Elas usavam batom vermelho, biquíni branco e um sorriso encantador. Seus pelos não eram raspados, nem pintados multicor. Flanavam ao vento com esplendor... Seus cabelos, todos os tipos, protegiam suas cabeças repletas de imagens e sons. Janelas abertas na imaginação. Picasso, Buñuel, Miró, Van Gogh, Dali e Klint. Sinatra, Strauss, Debussi, Dione Warwick, Ray Charles e Aznavour. Chico e Caetano. Bandanas coloridas, floridas, gargalhadas explosivas, cerejas e melão.
Elas liam Stendhal, Dostoievski, Neruda e Vinicius de Moraes. Iam ao cabeleireiro, ao mercado e ao cinema. Na feira, tocavam na tangerina, cheiravam a mandarina, escolhiam as mangas, os morangos, os tomates e o camarão.
Pintavam a tela branca, tocavam um instrumento e liam nossos pensamentos.
Eram simples e sofisticadas. Uma flor na cabeça, um perfume de gardênia, um sorriso de amor. Pé no chão ou sobre o salto. Equilibristas em corpos formosos, lânguidos, sedosos e seios naturais.
Where is the love? Tomavam um ou dois on the rocks no bar, a cerveja na praia e um champangne ao cair da tarde. Gozavam sem medo, riam do feito enquanto as estrelas cintilavam entre bênçãos e proteções... Noites infinitas... Magníficas guerreiras...
Belas, feras, veras, nelas, doidas, lindas, vivas, fêmeas... Luas de prazer e de encontros prateados.
Dourado encantamento, brilhante paixão refletida nos meus olhos. Lágrimas de alegria, bendita folia, vida e carnaval.
Ventre que acolhia. Paz e calor. Eterna e materna. Riso e amor.
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