Para todos os perseguidos políticos do mundo
por Emanuel Medeiros Vieira
Mas queria fazer um registro.
O que vou dizer no parágrafo abaixo poderá parecer solene e facilitário.
Meu coração sempre esteve ao lado dos perseguidos e humilhados – na esfera política–, como os perseguidos da ditadura brasileira (o signatário foi um deles...), e os presos, torturados e mortos das ditaduras do Cone Sul etc.
Resumindo: o dissidente chinês Liu Xiaobo, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em outubro de 2010, morreu no dia 13 de julho deste ano, aos 61 anos, no Hospital em que estava internado, no norte da China, na cidade de Shenyang.
Ele estava tratando de um câncer terminal no fígado e havia sido transferido da prisão há um mês.
Na véspera de sua morte, o hospital informou que o paciente “estava em insuficiência respiratória” e havia sofrido falência múltipla dos órgãos.
Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de “subversão (também nós, após o golpe de 64, éramos chamados de “subversivos” – sem querer comparar o sofrimento do dissidente chinês com o nosso – porque queríamos democracia no Brasil), após reivindicar reformas democráticas na China.
No início de junho, Liu recebera liberdade condicional para tratar-se do câncer.
Depois disso, segundo informes da imprensa , o dissidente recebia tratamento sob guarda policial em um hospital no nordeste chinês.
(Tratar de um câncer, mesmo sem perseguição política, com todos os cuidados, já é difícil e complicado.)
Imaginemos (todo nós) como deve ser um tratamento com escolta policial.
O que dizer mais? O texto está frio ou “serve à Direita”?
Seria verdadeiramente “comunista” um regime que persegue os seus dissidentes e que admite o trabalho escravo?
Claro que não. Todos sabem que lá reina o “capitalismo de Estado”.
Para o Comitê do Prêmio Nobel da Paz, o governo chinês tem uma pesada responsabilidade na morte de Liu Xiabo, pelo fato de “ele não ter recebido tratamento adequado por um longo período
Só gostaria que, depois de tanto sofrimento, o dissidente chinês, cujo nome era Liu Xiabo, possa descansar em paz, e que sua morte possa lembrar – a todos nós – que nenhum homem é uma ilha, como escreveu John Donne.
E estamos no século XXI.
Eu sei: na tecnologia, melhoramos. E no resto?
Se combatemos o fascismo, o macarthismo, as ditaduras que existiram na América Latina e em outros países, não podemos nos calar.
A Morte do Humano é a derrota da Civilização e da democracia como valor universal.
(Salvador, julho de 2017)
Querido Irmão e Amigo EMANUEL TADEU:
Justa e merecida, a homenagem
póstuma ao Prêmio Nobel da Paz de 2010, LIO XIAOBO. Ao ler a notícia de
sua morte também me compadeci, principalmente diante da crueldade que
significa qualquer prisão por crime político,
aqui agravada pela enfermidade.
Em pleno século XXI, é sem dúvida um
lamentável retrocesso na caminhada civilizatória. A perseguição política
"por pensar diferente", seja ditada pelo regime comunista ou por
qualquer outro (como dizes, pelo "capitalismo de
Estado" reinante na China), revela a miséria moral dos ditadores de
todos os calibres, pústulas insensíveis à dignidade humana. Vale o
protesto, a denúncia em que és mestre, como alerta que desperta a
cidadania adormecida também por aqui...
Um apertado e
carinhoso abraço, com votos recíprocos de uma semana alegre e sem
sobressaltos... Beijos e abraços pra ti e para a querida CÉLIA, da
MARYLENE, meus e dos meus, também para todos os de Vocês). Vou repassar o
teu belo texto.
Com afeto e admiração, CHICO (Francisco Xavier Medeiros Vieira)
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