quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

IMANÊNCIA

por Emanuel Medeiros Vieira 
                
Deve-se aprender a viver por toda a vida, e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer.” (Sêneca: 4-aC - 65 dC)
 
Galos na madrugada/Galos no coração
em nuestra América
Solar manhã: contamina-me com os teus raios
Garimpeiro ainda sou – não de barras de ouro
Perdida emoção, sonho escondido no sótão
Parabólicas afetivas – o menino e o velho
sou um rio cheio de afluentes, migrando sempre  –   tão longe, tão perto
Esse estatuto de miséria não é o nosso
Famélicos de infinito: mapas tortos, bússolas quebradas

E meu pai aparece na luminosa manhã – e ele já se foi há tanto tempo
Pai, nossas orações estão cheias de sujeitos ocultos, predicados mesquinhos, verbos frágeis.
Sempre te amei, Pai!
Ele só escuta – terno preto, aliança, colete, chapéu, relógio de algibeira.
Tudo é descartável, pai, nada fica.Ele sorri, vai embora.
E o subcutâneo domingo irrompe além da pele.
Lembro-me de um circo mambembe que ficou no subúrbio da alma
Do dia, quero o sumo, não só o travo – e um piano corta a tarde
Adeus, Meu Pai!
 
Caro Emanuel :
Certamente, "Imanência" é uma das tuas melhores criações, um momento mágico de inspiração, forma , estilo, palavras escolhidas, ritmo, melodia. Nenhuma palavra ou construção, frase, é descartável.Uma intensidade elegante, apurada e escorreita. Um achado. Um primor.

Obrigado, caro amigo!
N.Wedekin
    

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