quarta-feira, 10 de abril de 2019

A OAB E O LADO CERTO

por Edison da Silva Jardim Filho

Hoje, o presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz, não representa a maioria dos advogados brasileiros, senão os interesses dos grandes escritórios de advocacia criminal das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que perderam prestígio e muito dinheiro com os notórios resultados positivos da Operação Lava Jato, e, transversalmente, os do ex-presidente Lula e dos políticos, empresários e agentes públicos que ora cumprem pena de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes graves cometidos contra o patrimônio estatal.
Não estivesse colocando a dispendiosa estrutura da OAB (mantida pela totalidade dos advogados) e o seu prestígio (já bastante corroído), bravamente adquirido nos “anos de chumbo” da ditadura militar, a serviço de tais desígnios privados, o presidente Felipe Santa Cruz não teria externado opiniões injustas em face da Lava Jato e instrumentalizado a OAB na escaramuça de tentar reverter jurisprudência do STF reconhecendo a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância.
No dia 7 de fevereiro, entrevistado pelo jornal Folha de S.Paulo, fez afirmações de cunho estritamente político-partidário, que absolutamente nada têm a ver com uma das “finalidades” da OAB, expressa no art. 44 do seu Estatuto, qual seja a de “defender a Constituição” e “a ordem jurídica do Estado democrático de direito”. Ei-las: “O processo da Lava Jato gerou uma profunda criminalização da classe política”; “Não devemos fazer da Lava Jato um livro em fascículos interminável”; “Para nós é preocupante a paralisia do poder público, um apagão das canetas diante da insegurança jurídica”.
E agora, sob a alegação de que precisava de tempo para auscultar a opinião dos seus pares no Conselho Federal e dos dirigentes das Seccionais da OAB, todos recém-empossados, obteve o adiamento do novo julgamento pelo STF sobre o tema da prisão depois de condenação em segunda instância, marcado desde o ano passado, quando intuiu que a Corte iria reafirmar a sua decisão anterior, premida pelos protestos nas redes sociais e os que ocorreriam no dia 7 deste mês, nas principais cidades do país.
É muito triste para um advogado ter de reconhecer que o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, estava coberto de razão quando postou, em suas páginas nas redes sociais, que “a OAB é uma vergonha. Está sempre do lado errado.”

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