sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A próxima revolução

Arlequin Actionist, Amsterdam, 1720 
Por Marcos Bayer
Saindo desta dicotomia estéril entre PT e PSDB que neste momento assola o Brasil, vamos lembrar algumas coisas.
Há corrupção e corruptos em todos os governos. Aqui e no resto do mundo. Como diria um ex-governador de Santa Catarina: Há governos mais caros e mais baratos...
A Grécia Antiga nos ensinou sobre formas de governo e estados ideais. Roma nos ensinou sobre as conquistas territoriais. Firenze pintou e esculpiu o Renascimento. Paris moldou a Revolução Francesa. Manchester e Liverpool estruturaram a Revolução Industrial. Moscow fez a Revolução Comunista e New York experimentou a primeira grande crise do capitalismo. Ainda não completamos os 100 anos do “crack” de Wall Street.
Em 1929 a população mundial estava em torno de dois bilhões de habitantes. O Oriente dormia para os olhos do Ocidente.
Adam Smith havia ensinado que as coisas têm dois valores: De uso e de troca. A água, por exemplo, dizia ele, tem valor apenas de uso. Os diamantes, por sua vez, têm valor de troca. Foi em 1776. Há menos de 250 anos. Hoje, em 2015, a água já tem um grande valor de troca.
Montesquieu e seus contemporâneos moldaram o Estado moderno e a divisão dos poderes. Foi uma grande conquista para o homem e suas liberdades.
A próxima revolução será contra o capital financeiro. Não contra os meios de produção.
O PIB mundial deve estar em torno de US$ 75 trilhões de dólares. Isto é a soma de tudo que é produzido no planeta. No entanto, deve girar na economia mundial, pelo menos 350% deste valor. Ou seja, US$ 260 trilhões de dólares.
Dentro da bolha estão os capitais especulativos, títulos derivativos, expectativas de lucro, títulos “podres” e as famosas dívidas públicas.
Nos Estados Unidos ela chega a valer 109% do PIB. No Brasil deve estar em 65% do PIB. Na Europa, em quase todos os países.
Esta “finaceirização” da economia mundial está provocando uma revolução silenciosa. Ela está “quebrando” pessoas, empresas e países.
Ele não tem lideranças explícitas, vivas ou corporificadas. Ela é constituída de “touch screens”. De circuitos eletrônicos “on line”. O mundo gira diariamente esta bolha.
Na medida em que a “quebradeira” aumentar entre as pessoas, empresas e países - e isto já está em curso - a tendência é a de não pagar mais juros aos bancos. O não pagamento ocorrerá por simples intuição e impossibilidade.
As pessoas, empresas e países não resistirão...
Aí, então, daremos mais um passo na caminhada humana. Estaremos próximos dos nove bilhões de habitantes. Haverá falta de água potável para o consumo popular. Faltará trabalho remunerado. Os salários diminuirão. Categorias funcionais tentarão se proteger dentro das carreiras de Estado, assim chamadas.
As regras econômicas sofrerão mudanças radicais. Haverá outro tipo de escambo. Surgirá uma economia verde, cujos contornos começam a se desenhar entre as pessoas. A questão ambiental prevalecerá neste novo contexto. A riqueza será de outra forma. Saúde, espaço, sanidade ambiental, convivência, segurança, alimentação e diversão...
E a pobreza, mais severa do que nunca.

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