Matéria
especial de William Ear Long* direto de Nova York para o Cangablog.
Os serviços de inteligência do
governo norte-americano interceptaram uma gravação recente entre Raimundo
Colombo, governador de Santa Catarina, e um telefone residencial em
funcionamento no estado da Florida, no extremo sul dos Estados Unidos.
- Alô, alô... Bom dia, meu
caro...
- Helooo Raimundo, como é que
tu tá, amigo?
- Acordando agora, onze horas
da manhã, sem saber o que fazer. Na Dilma não posso tocar, afinal ela é que me
mantém vivo politicamente com esse dinheiro emprestado para o Pacto por SC. Em
Santa Catarina não tenho oposição. Embolei o jogo, misturei todos, até o PP já
está comigo. Meu líder na Assembléia Legislativa é deles. O radar que comprei
aí nos EEUU, para avisar das mudanças climáticas repentinas, não funciona...
Também de nada adiantaria, pois o que fazer com as pessoas e seu patrimônio? Os
ventos e as chuvas são incontroláveis mesmo... Na propaganda oficial estamos
batendo todos os índices... Somos os melhores em tudo. O que tu achas, volto
pra Lages para cuidar das vacas? Ainda, são três anos de governo... É muito
tempo para ficar aqui na capital...
- Olha meu querido amigo, se tu
prestares a atenção vais perceber que o arcabouço
jurídico-político-institucional do Brasil está podre, acabado, sem rumo.
Ninguém sabe o que faz dentro do Congresso Nacional, não há pauta prevendo o
desenvolvimento, o crescimento, o aprimoramento nacional.
- Pois é, quando eu estava por lá,
em Brasília, não via à hora de chegar às quintas-feiras para poder voltar pra
Lages... Eu acordava, dava uma passada no gabinete e ia pro aeroporto... Era o
primeiro a embarcar...
- Viu? Isto é a prova de que
aquela cidade não formula nada, não propõe, não articula a vida nacional...
- Bom, vou tomar meu chimarrão
e refletir sobre tuas considerações. Um abraço e até qualquer dia destes. Vou
tirar uns dias para dar um pulo aí... Quero cumprimentar o Obama pela
iniciativa em reatar com Cuba. Esse negão não sai da mídia...
- Risadas do outro lado da
linha... kkkkkkkkkkkkk
Passados alguns dias, Colombo
chama o secretário de imprensa e diz: Convoque uma coletiva. Com quem, pergunta
o subordinado? Com um jornalista confiável, como sempre fazemos.
Manchetes no dia seguinte:
Colombo
declara que o modelo político está podre. Que os funcionários públicos precisam
trabalhar oito horas, como qualquer trabalhador. Que a sociedade quer mudanças
urgentes. Que ninguém agüenta mais tanta promessa. Que reforma política virou
uma palhaçada.
O publicitário oficial do
governador liga e diz: Parabéns Colombo, assim nós vamos levando e criando uma
imagem de oposição...
*Jornalista aposentado do New York Times, editor de política internacional, membro da National Academy of Press, free-lancer para jornais estrangeiros e conferencista.
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