(...) Mal os coveiros acabaram de deslizar a lápide e se dedicaram a colocar sobre ela as coroas de flores que os amigos mantinham nas mãos , dei meia-volta e afastei-me, decidido a fugir de novos apertões no ombro e das descabidas condolências que nos sentimos sempre obrigados a dizer. Porque nesse momento todas as outras palavras do mundo eram demasiadas., só a fórmula habitual do pastor tinha um sentido e eu não queria perdê-la. Descanse em paz: o que Ana tinha finalmente conseguido e do que eu também precisava.
Quando me sentei dentro do Pontiac à espera de Daniel, percebi que estava à beira de um desmaio e convenci-me de que , se meu amigo não me afastasse do cemitério, eu seria incapaz de encontrar uma saída em direção à vida.
(Início da narrativa do cubano Leonardo Padura em seu romance O homem que amava os cachorros).
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