quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Crônica do Pânico Generalizado

Em terra, mar e ar - um pânico generalizado contra a retórica terrorista
 dos agentes do Estado...

   Por Eduardo Guerini
   Em retiro obsequioso no seu bunker, montado
 especialmente para nova onda de ataques 
retóricos dos terroristas de plantão.

   Nas últimas semanas em Santa Catarina, a notícia divulgada com exaustão por todos os meios midiáticos foi a transformação de regiões catarinenses em infernais territórios para qualquer mortal sobreviver. E como mortal compreenda-se todo e qualquer cidadão que necessita de um aparato mínimo de serviços essenciais que são ofertados pelo Estado, ou por empresas concessionárias que prestam tal atividade.
   Nossos comportados cidadãos (que muitos dividem em partes - do bem e do mal), irmanados de armada coragem para poder satisfazer minimamente suas necessidades sociais coletivas-saúde, educação e segurança pública, vociferavam por todos os cantos , contra o caos e desordem, prenúncio de uma ausência de autoridade e controle pelos gestores que não enfrentam a caótica situação estadual.   No limiar do inferno cotidiano a que fomos submetidos por gestores do colarinho branco omissos e silentes, dado que a transparência nos seus atos é contraditada pela realidade dos fatos torturantes dos sentenciados sob tutela estatal. Os pesares, as vingativas ansiedades, as pálidas enfermidades, a melancólica velhice, o medo e a fome induzem ao crime generalizado. Fomos tomados pelo pânico entre notícias e imagens incendiárias.   Para o Governador, com seu secretariado politicamente dissonante, os três problemas fundamentais que deitam fogo pela boca e narinas dos catarinenses são como Cérbero - o cão de três cabeças no portal do nosso inferno atual, nos deixa entrar, mas nunca  poderemos sair. Eis que nosso caótico sistema estatal está ferido de morte pela motivada intervenção contra o universo de Hades - cidadãos que habitam as trevas do sistema penitenciário, daí nosso pânico em tratar o tema, usando de inúmeros eufemismos.   Tal como o paço de julgamento de Radamanto, desvendar os crimes cometidos em vida, que os criminosos pensam esconder em vão, não tem sido muito fácil para nossas titubeantes autoridades. A ausência de um plano de governo coerente que ultrapasse a fantasiosa propaganda do “Pacto por Santa Catarina”, nas áreas de Saúde, Educação e
Segurança Pública, sem contar com a desastrada “gestão de pessoas” no funcionalismo público, produzem efeitos perversos com impactos imediatos na sociedade catarinense.
   Na segurança pública, a recente onda de atentados - resultantes de uma série infindável de desvios, desmandos e descontrole na execução de uma política de encarceramento nos limites legais, demonstrado pelas seguidas imagens de maus-tratos, incúria e improbidade na gestão, configurariam para o atento legislador, o perspicaz magistrado, o zeloso auditor, um processo imediato de impedimento/afastamento do gestor/secretário/servidor.   Os ataques promovidos pelo grupo colaborativo do PGC, irmandade dos desvalidos do sistema, essa fraternidade dos sentenciados que promove a assistência ao detento e sua família, tarefa que deveria ser responsabilidade do Estado, são consequência e não causa do pânico generalizado a que fomos submetidos cruelmente pelo governo catarinense. Na falta de um bode expiatório para tal crise, chamem um sindicalista de plantão, ou alguma categoria submetida ao terror cotidiano, grite alto - todos são terroristas!!!   O segredo para o convívio na relação de poder desigual é a resignação do “fraco” frente ao “forte”. A disciplina é o método do sistema correcional que utiliza a punição, meio pelo qual se impõe a “ordem”, revelada como busca de sujeição humana a um padrão de valores, ou seja, a uma cultura predominante. É uma maneira de excluir, de confinar ou de isolar o novo, o diferente, o transformador, enfim, “o castigo doma o homem, mas não o melhora”,como aponta NIETZSCHE.
   A chegada da Força Nacional de Segurança nas terras catarinenses, festejada pelos amedrontados cidadãos e mídia provinciana, traduz nossa mítica concepção de solução mágica para problemas estruturais de uma sociedade tão desigual, marginalizadora de um estrato populacional que se submete ao terror dos agentes do Estado. Neste contexto, todos nos somos cúmplices de uma barbárie social que se alastra por todas as regiões catarinenses, e, por extensão, pelo Brasil.   A estigmatização social por estereótipos desviantes potencializa a subtração de cidadania, o rompimento do Estado de Direito. Como todos nós procuramos uma pequena medida de paz, admitimos desesperadamente a implantação de um “Estado de Exceção”, com ações aterrorizantes produzidas na fantástica operação, intitulada com o sugestivo nome - “Salve Geral”.   No caminho infernal da violenta desgraça mundana, no subterrâneo reino de Hades, depois de purgar todas as impurezas da terra, somos devolvidos à vida tranquila, dotados de novos corpos, com a lembrança devidamente apagada para os principais problemas que ocasionaram tal onda de insegurança coletiva - a violência generalizada contra a população provocada pela ausência de políticas sociais nas áreas de educação, saúde e segurança pública.   Na transmigração de um Estado Social, corrompido pela lógica pragmática e oportunista de lideranças políticas que se perpetuam no poder, seja pela direita, pelo centro ou à esquerda, impulsionadas pelo cerceamento das garantias individuais e coletivas, por terra, mar e ar, chegamos à corrupção fatal, um regime de exceção como regra institucionalizada, reforçado pelo terrorismo dos agentes do Estado.

Um comentário:

  1. Acredito que o primeiro passo para o estabelecimento de um ambiente pacífico será quando a própria sociedade tomar as rédeas do seu destino, agindo como cidadãos politicamente ativos e conscientes de seus direitos e deveres. A impotencialidade existencial do cidadão foi gerada durante os anos de ferro, quando, em nome do anti-comunismo, modernizou-se um sistema feudal herdado do colonialismo e evoluído para o ambiente urbano, onde todos devem trabalhar e prestar contas aos senhores feudais (coronelismo), em uma situação de supressão de direitos e liberdades individuais em troca de suposta tranquilidade e segurança. Temor, e não respeito pelas autoridades impostas pelos atos institucionais e decretadas pelo congresso surreal que existia sem poderes, de pleno, para exercer a representação dos anseios da sociedade.
    Agora, temos uma oportunidade de perceber que a tal democracia ainda está por ser construída. Enquanto tivermos a mesma situação de vermo-nos representados por personalidades que não tem compromisso algum que não os próprios interesses escusos,e com o mesmo teatro que se instaurou naquele período de excessão, nada podemos afirmar acerca da democracia.
    Ações organizadas, grupos devidamente articulados e mobilizações pacíficas porém contundentes como a que assistimos agora, quanto ao Sr.Renan Calheiros ser eleito, a despeito de todas as acusações que pesam sobre ele, denunciado no STF (Supremo Tribunal Federal) por três crimes: peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documento falso.
    http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/02/20/senadores-recebem-pedido-popular-de-impeachment-contra-renan-calheiros-e-dizem-que-vao-discutir-assunto.htm
    A nova realidade mundial, capaz de enfrentar,pela internet, a poderosa ditadura já nem tão comunista chinesa, a sociedade fundamentalista iraniana, e aqui e agora, pelo impeachment de Renan Calheiros do cargo de presidente do Senado Federal, já não pode ser ignorada. Querem conferir? coloquem no Google "Internet Mobiliza" e vejam a prova real.
    Mas não se atenha na primeira página.Há mais.
    E é só o começo de uma nova esperança, de podermos escapar deste jogo de cartas viciadas do sistema (eu nem chamaria de político, acho uma ofensa ao verdadeiro valor do termo), da forma de governo estabelecida na Pátria Amada BRASIL.Ainda, premissa necessária, deve-se considerar como fator desta construção a reformulação no ensino das escolas públicas brasileiras. Políticos de peso, como os Senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Aloysio Nunes (PSDB-SP), João Capiberibe (PSB-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) fizeram o dever de casa e receberam o manifesto, online, conforme a matéria acima citada.Manifesto de um povo heróico, um brado retumbante.

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