por Emanuel Medeiros Vieira
“Eu rejeito o papel de
coveiro de prova viva.
Posso até estar no
velório, mas não carrego o caixão”
(Ministro Herman
Benjamin, relator no TSE do processo
Dilma-Temer)
O assunto já foi muito comentado.
Os acontecimentos referentes a diversos tipos de degradação
na vida pública brasileira, sucedem-se
de uma maneira tão frenética, que algo acontecido há pouco, já fica superado.
Quero falar sobre o julgamento no TSE – Tribunal Superior
Eleitoral – da chapa Dilma--Temer.
O “superior” não me sai da cabeça.
Sobre um antigo Conselho Superior de Censura, na ditadura
(nem sei se ainda existe), Millor Fernandes dizia que,
por ser de censura, já não podia
ser “superior”...
No universo contaminado em que vivemos, o resultado do julgamento do TSE já era
esperado
O chamado voto de minerva (para desempatar um julgamento) foi
dado pelo ministro Gilmar Mendes que, segundo muita gente, “apequenou-se” com a
sua posição.
Não esqueçamos que
Minerva é a deusa romana da sabedoria.
Quanta sabedoria!
Uma grande pizza foi assada no TSE.
Alguém já observou que a campanha de 2014 não foi a única
onde houve fraude, “dinheiro ilegal e marketing criminoso”.
Basta lembrar que o programa Bolsa Família foi utilizado
como instrumento de chantagem para os pobres deste país.
Campanhas deste gênero ameaçam a democracia.
Já disseram que o TSE, está falido.
Foram “provas amazônicas” e quatro ministros fecharam os olhos para elas. O voto do ministro relator a favor da cassação da chapa foi
denso, profundo, carregado de provas cabais.
Venceu a velha cultura da impunidade.
O TSE criou a
jurisprudência do “vale tudo”, onde se pode tudo e não se pune nada.
É claro: louvem-se os votos dos ministros Luiz Fux e Rosa Weber, que acompanharam o relator Herman
Benjamin.
Não é preciso escrever mais nada – corro o perigo de cair na
redundância.
Mas termino, citando
a reflexão de um analista: “Pátria amarga, Brasil! A maioria dos filhos teus
que não foge à luta merecia melhor sorte. Mas os que te governam, sempre
privilegiaram a própria sorte, desfrutando com gula das tuas riquezas”.
E o TSE investigou durante dois anos e meios os eventuais
crimes cometidos.
Não havia interesse em punir ninguém.
A luta é dura. Mas a
punição de grupos e pessoas tão poderosos, em curso no Brasil, leva-nos à
esperança.
Precisamos ficar atentos. As armas
que “eles” usam são podres e sórdidas.
Eaaa gente não tem escrúpulos.
Querem que a gente se
cale, se abata – e que desanime. Mas continuaremos combatendo a injustiça, a impunidade,
o roubo, que não nos importemos com o desprezo por todo o povo brasileiro –
principalmente em relação às pessoas mais pobres e humildes.
(Salvador, junho de 2017)
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