“O Presidente Temer não luta solitariamente para manter-se no poder. Ele representa, na verdade, um grupo político bem amplo, cuja base é o PMDB, mas cujas ramificações pegam quase todos os integrantes da coalizão governista. (...) Mas a manutenção de Temer no poder revela que muita gente, políticos e atores sociais variados, ainda bebe da mesma fonte patrimonialista que dificulta a criação de um país mais justo e democrático.” (Fernando Abrucio. O que significa manter Temer. Valor, 16 de junho de 2017)
A vitória no escandaloso julgamento do TSE da chapa Dilma-Temer, com supressão de provas cabais de recursos da corrupção desvendada pelos órgãos de controle, Polícia Federal, Procuradoria da República, já encarcerou figuras proeminentes da republiqueta dos mortadelas e coxinhas. A disputa de narrativas sobre a falsidade dos delatores, a inocência da classe política, e, substantivamente o “não envolvimento” do Presidente Temer, indicam um paralisia decisória jamais vista na história política brasileira.
Na tentativa de se manter no poder, garantindo que passado o julgamento do TSE, a normalidade da agenda de Reformas será retomada, a recomposição da base será mantida, com o apoio dúbio do PSDB – um amontoado de seres titubeantes, orientados pelo pleito de 2018, o que se evidencia é uma forma tradicional de fazer política nas hostes do patrimonialismo brasileiro.
No intuito de se manter no poder, para garantir foro privilegiado, o Governo lançou mão de um pacto de liberação de recursos para governadores estaduais encalacrados na elevada dívida pública, em colapso fiscal pela queda na atividade econômica, e, para manter a velha tradição, rifando ministérios e cargos federais em troca de apoio parlamentar.
No léxico da política, os americanos costumam chamar os presidentes como “lame duck”, um pato manco, que entre a eleição do sucessor e a posse, existe a perda do poder de direito, mantendo o poder de fato. No caso de Michel Temer, conduzido por meio de impedimento de sua antecessora, num Brasil marcado por gravíssima recessão e altas taxas de desemprego, potencializado por escândalos de corrupção sucessivos, o que se depreende é que a capacidade de governo está comprometida por resultados econômicos pífios.
Neste contexto, os agentes econômicos agem de forma oportunista para acelerar as reformas que retiram direitos dos trabalhadores, principalmente, a Reforma Trabalhista e Previdenciária. Como existe certo cansaço do debate político em torno do impedimento e sucessão de um governo corrompido e degenerado, onde sua agenda intitulada “Ponte para o Futuro” se transformou na “Pinguela”, se quisermos reverter este quadro gravíssimo de crise política, econômica e institucional, é necessário estancar o debate das reformas, democratizando o sistema fiscal e o sistema político, evitando a interferência do poder econômico sobre o poder político.
Como o Governo Temer se transformou num “Pato Manco na Pinguela”, a construção de uma agenda de refundação republicana requer a congregação de forças progressistas para depurar a falta de legitimidade e representatividade do Poder Executivo e Legislativo. Caso contrário, os brasileiros ficarão à mercê das lutas fratricidas de facções empresariais e partidárias, encobertas sob o manto protagonista do Judiciário.
Neste cenário conturbado, a melhor alternativa é produzir novo ciclo de inquietações com grandes manifestações pressionando a classe política e este governo corrupto alinhado aos interesses particularistas do empresariado nacional e sistema financeiro sob a batuta do receituário neoliberal em curso.
A regressão conservadora aliada a ortodoxia econômica demonstraram no curso da história política brasileira quem são os costumeiros perdedores em tempo de crise econômica.
Não resta alternativa, abater o Pato Manco na Pinguela, e, atravessar o rio a nado!!
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