por Marcos Bayer
O Juiz Sérgio Moro, depois de 22 anos de carreira, é reconhecido nacional e internacionalmente como responsável pela maior operação caça corruptos do Brasil. Os que não gostaram de suas sentenças, puderam recorrer aos graus superiores da Justiça.
O deputado
federal Jair Bolsonaro, depois de 28 anos de mandato, sem maiores
reconhecimentos, entendeu o momento político brasileiro, moldado pelos
resultados da operação lava a jato, e lançou - se numa campanha política
rumo à Presidência da República.
Vitorioso,
escolheu um economista/banqueiro para cuidar das finanças nacionais. Até
aí nada de mais. O PT escolheu outro banqueiro para o Banco Central no
governo Lula.
Escolheu o Juiz Moro para legitimar
seu discurso de acabar com a corrupção generalizada. Ofereceu-lhe o
Ministério da Justiça e Segurança Pública e carta branca para montar sua
equipe. Inclusive na Polícia Federal. Escolheu também um deputado
federal do Rio Grande do Sul para a Casa Civil. Montou um colegiado sem
troca-troca.
O tempo passou. Foram 16 meses. Os
filhos do presidente entraram na arena política. Um suspeito de dividir
salários de seus comissionados na Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro. Outro querendo conduzir a política externa a partir da
embaixada em Washington. E o terceiro, comandando a propaganda do
governo. A oficial também. Afora outros atores, menores, mas nem por
isto esquecíveis. Onde andas Queiróz?
Investigações em curso, medidas cautelares para impedi-las, discussão nacional.
Instalada CPI das fake news. Manifestações pró-intervenção militar e a favor do retorno de um novo AI - 5.
Bolsonaro
demite o chefe da Polícia Federal e publica no Diário Oficial o ato sem
a assinatura de Sérgio Moro. Moro toma ciência pelos jornais. Anuncia sua
saída do ministério e diz que Bolsonaro tenta interferir na pasta.
Bolsonaro coloca o gabinete na sala e durante uma hora discorre sobre a
verdade dos fatos. Diz que não será chamado de mentiroso. Fala até do
aquecedor da piscina do Palácio da Alvorada. No final do dia, republica o
ato suprimindo o nome de Moro na exoneração do delegado chefe da PF.
Jogou todas as fichas na coletiva presidencial.
Moro
apresenta duas impressões da tela do WhatsApp. Numa o presidente diz
que a PF está na cola de alguns deputados do PSL. Na outra, o ministro
diz que não está a venda quanto à posse no STF.
Moro
tinha um par de Ás na manga. Bolsonaro nada. Nesta rodada, Moro ganhou.
No poker é possível blefar. O que pode atrapalhar é se o outro jogador
pagar para ver. Foi o que houve.
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