quarta-feira, 16 de setembro de 2020

VAGA DE GARAGEM

 por Marcos Bayer

   Leio no jornal O Globo da família do senhor Roberto Marinho, edição de 14 de setembro e também no NSC, veículo com afinidades ao primeiro, matéria do jornalista Anderson Silva sobre vagas de garagem.
   Entre o riso e o espanto, pensei: Faz sentido! O preço do estacionamento da zona azul da Prefeitura Municipal de Florianópolis está muito caro. Melhor ter sua própria garagem. Fácil conservação, baixo valor de IPTU e discrição. Ninguém pergunta de quem é a garagem. Só no cartório de registro de imóveis para saber.
   O Ministério Público Federal, informa a matéria, denunciou o atual presidente da ALESC e outras pessoas no Juízo Federal competente.
   A denúncia menciona valor pecuniário de R$ 2,7 milhões, entre apartamentos, viagens ao exterior, pagamento de buffet e festas, vagas de garagem e outros. As acusações são "de lavagem de dinheiro, por ocultarem a origem, disposição, movimentação e propriedade de recursos oriundos de propinas recebidas em licitações e contratações fraudadas e de bens adquiridos com esses valores".
Até os serviços de uma jornalista estariam no rol das despesas.
Toda a movimentação financeira teria sido gerida à época em que Julio Garcia era conselheiro do Augusto Tribunal de Contas de SC.
Então pensei: É um exagero! Como comprar apartamentos, 103 vagas de garagem e todas as outras despesas? Um apto pequeno, com 60/70 m2, custa R$ 500 mil. E uma garagem na Ilha custa R$ 50 mil. Logo, 103 vagas de garagem custam R$ 5 milhões e cento e cinquenta mil. Acho que a defesa deverá chamar o contador.
Outro pensamento foi: Não se pode abalar a imagem pública de um político que foi três vezes presidente do poder legislativo estadual. De um conselheiro e presidente da Corte de Contas. É temerário fazer este prejulgamento.
Mas, temor maior é permitir que tal pessoa ocupe posições tão relevantes, caso a denúncia tenha fundamento. O deputado Júlio Garcia deve uma satisfação imediata ao povo catarinense. Especialmente porque o processo de impeachment do governador Moisés pode levá-lo ao cargo maior do executivo estadual. Isto implica em dar-lhe um foro privilegiado e mais poder para usurpar.
Elogiável seria a atitude do Juízo Federal em manifestar-se de pronto sobre mais esta denúncia.
O deputado Garcia, presidente da ALESC, precisa de um "nada consta" urgente.
 
Finalmente, uma coisa não me sai da cabeça: As vagas de garagem...!!!
 
PS. Se verdadeira a informação na denúncia sobre as vagas de garagem, devo admitir que a solução é criativa e segura. Criativa porque disfarça e segura porque roubam o automóvel, nunca a vaga.
 
 

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