Por Emanuel Medeiros Vieira
Para as doutoras Alice e Luciana
“É apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada” . (Walter Benjamin)
Tanta madrugada.
Venha sol: como ontem.
Os olhos não descansaram nesta noite.
E pensas – internalizas fundamente:
“É apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada.
O que fazer?
Deste mundo estilhaçado – só fragmentos e carnificinas.
E repetições.
Vem sol – como ontem – reitero.
Canta um pássaro – não, não escutei nenhum galo.
E anunciam que a matança continua – , guerras, refugiados, narcotraficantes.
Terá o Teu Sacrifício Sido em Vão? Não.
Nenhuma declaração de amor–amor (autêntico) é inútil.
“Senhor, Tu sabes que eu Te amo” (São Pedro – pedra).
E – sim – é apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada.
(Se poucos os que escutam: é preciso repetir, pregando no deserto – fecundo.)
Não te esqueças de todos que perambulam pelo planeta.
E com perdão pelo lugar-comum: suplico pelos “pequenos”, anônimos, tão sós, tão sem voz,
sem nome, sem nada.
E se sobrar alguma dádiva, peço um pouquinho também por mim – pequeno grão de areia
na imensa praia global.
Toda palavra parece inútil (mas o sol chegou).
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