Porque esconder?
Há uma enfermidade.
É preciso lutar – dia após dia, momento após momento.
Viemos de outras batalhas.
Mas só queria te contar, amigo Sérgio, que vou a Cuba – viver a vida, não sabemos nada sobre o amanhã, já não acredito em vida após a morte (a eternidade é o que deixamos aqui).
Cuba?
Defendi sempre a revolução.
Não, não mudei de lado.
Mas a vida me ensinou (e não sindicatos pelegos e a burocracia estatal do partido hegemônico) – e também as torturas sofridas durante a ditadura militar – que a democracia é um valor universal.
Não há o que discutir sobre isso.
E, sinceramente, hoje pouco me importa sobre o que os outros acham – só os amigos que valem a pena.
Quero conhecer o povo e não os burocratas.
E os amigos que foram à Cuba sempre falaram de um povo amorável, caloroso, simpático.
E bater pé, andar.
Defender o fim do embargo e a devolução de Guantánamo à Cuba – e a democracia.
Desde o início da doença (o tumor – sim, o tumor), vivia em função de exames, quimioterapias mensais, cirurgias,, aplicações, laboratórios, médicos, e enfermeiras etc.
Não, não estou reclamando.
Estou vivo.
Remei contra acorrente, e amando a vida, cheguei aos 70 anos.
Passaremos dez dias na ilha incluindo os voos, partindo de Salvador, com conexão no Recife, depois, Panamá e, finalmente, Cuba.
E quero bater perna, conversar com as pessoas, olhar, andar.
Por pouco não pego o Papa...
Estudei quase 10 anos (com Bolsa de Estudos) com os jesuítas e, apesar de eventuais divergências, aprendi muito.
Deixo um abraço aos meus amigos ilhéus e um forte para ti.
Até.
Avante! E pela vida!
Do amigo Emanuel Medeiros Vieira
(Salvador, 20 de setembro de 2015)
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