domingo, 20 de setembro de 2015

Carta do amigo...

ENTÃO

   Porque esconder?
   Há uma enfermidade.

   É preciso lutar – dia após dia, momento após momento.
   Viemos de outras batalhas.
   Mas só queria te contar, amigo Sérgio, que vou a Cuba – viver a vida, não sabemos nada sobre o amanhã, já não acredito em vida após a morte (a eternidade é o que deixamos aqui).

   Cuba?
   Defendi sempre a revolução.
   Não, não mudei de lado.
   Mas a vida me ensinou (e não sindicatos pelegos e a burocracia estatal do partido hegemônico) – e também as torturas sofridas durante a ditadura militar – que a democracia é um valor universal.
   Não há o que discutir sobre isso.
   E, sinceramente, hoje pouco me importa sobre o que os outros acham – só os amigos que valem a pena.

   Quero conhecer o povo e não os burocratas.
   E os amigos que foram à Cuba sempre falaram de um povo amorável, caloroso, simpático.
   E bater pé, andar.
   Defender o fim do embargo e a devolução de Guantánamo à Cuba – e a democracia.
   Desde o início da doença (o tumor – sim, o tumor), vivia em função de exames, quimioterapias mensais, cirurgias,, aplicações, laboratórios, médicos, e enfermeiras etc.

   Não, não estou reclamando.
   Estou vivo.

   Remei contra acorrente, e amando a vida, cheguei aos 70 anos.
   Passaremos dez dias na ilha incluindo os voos, partindo de Salvador, com conexão no Recife, depois, Panamá e, finalmente, Cuba.
   E quero bater perna, conversar com as pessoas, olhar, andar.
   Por pouco não pego o Papa...
   Estudei quase 10 anos (com Bolsa de Estudos) com os jesuítas e, apesar de eventuais divergências, aprendi muito.

   Deixo um abraço aos meus amigos ilhéus e um forte para ti.
   Até.
  
   Avante! E pela vida!

   Do amigo Emanuel Medeiros Vieira
(Salvador, 20 de setembro de 2015)

Nenhum comentário:

Postar um comentário