¨É um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para trazer mais e mais turistas do mundo todo¨. (Luiz Henrique)
O ex-prefeito e atual senador pelo PMDB, Dário Elias Berger, foi condenado, nesta segunda-feira (14), a ressarcir os cofres públicos pelo pagamento de um show do tenor Andrea Bocelli na capital catarinense, em 2009, que nunca aconteceu.
Dário Berger, operador do famoso Golpe Bocelli, urdiu a trama juntamente com o falecido ex-governador Luiz Henrique da Silveira, dentro do palácio do governo.
A condenação se deu, por incrível que pareça, no Tribunal de Contas do Estado. A nossa Corte de Contas é conhecida por livrar políticos e sentar em cima de processos que possam implicar seus chefes e apaniguados. Como diria o ex-ministro Joaquim Barbosa: “é um playground de políticos fracassados que, sem perspectiva em se eleger, querem uma boquinha”.
O fato de haver condenação do crime praticado por políticos se deve basicamente aos procedimentos da conselheira Sabrina Iockel, relatora e funcionários de carreira do Tribunal de Contas, que sem nenhum ranço partidário e, sem dever nada a ninguém pela conquista do cargo, agiram de forma independente e honesta.
Além do ex-prefeito Dario Berger, o secretario municipal de turismo na época, Mario Cavallazzi, seu secretário adjunto, Aluisio Machado, o ex-secretário de Finanças, Augusto Hinckel, e a empresa Beyondpar, contratada para promover o show, foram condenados.
Pela decisão do TCE, os condenados terão de devolver R$ 4,2 milhões, valor corrigido do pagamento feito para a apresentação na época, de R$ 2,5 milhões. Cada um deles também deverá pagar uma multa adicional de R$ 50 mil.
Jogo de empurra
A sessão durou cerca de 4 horas e as defesas dos implicados adotaram a Estratégia Dilma: a culpa sempre é dos outros!
O ex-secretário Hinckel negou responsabilidade no pagamento da apresentação afirmando: "Eu apenas executei as ordens de pagamento. Quem ordena as despesas e os pagamentos são os secretários das pastas".
O advogado da Beyondpar, Joel Menezes, diz que a empresa não teria envolvimento direto com os valores. "O show não aconteceu porque o palco não foi montado, mas a responsabilidade dessa montagem não era da Beyondpar. A prefeitura contratou uma terceira empresa para isso", alegou.
Batom na cueca
Independente das alegações das defesas, das desculpas e troca de culpas, o fato é que a prefeitura Municipal de Florianópolis adiantou o pagamento de R$ 2,5 milhões pelo projeto para o Natal de 2009, que incluía o show de Bocelli que não aconteceu.
Ficha suja
No julgamento do Golpe Bocelli, o TCE tratou apenas da questão de ressarcimento do dinheiro surrupiado aos cofres do Estado. Ou seja, não tratou de caso de improbidade, roubo. Neste caso a condenação de Dário Berger não implica em inclusão na Lei da Ficha Limpa, o que ocasionaria a inelegibilidade do ex-alcaide em 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário