Vincent Van Gogh
Por Fellipe Lee
De porta, de porta, assim azedo, assina meus dedos, quero o preto, o azul, a vírgula. Do perto, ternos quadrados. Ao cobre, ao vinho, ao linho sujo incompleto, a voz. Calo-me, vim de não sei onde. Calculo-me. Dentro de mim uma mais sentença. Preso. Dois sonos obtusos. Renascer da língua mãe, que me faz pertencer. Posso voltar às fábulas, ao que fui há eras. Mergulho-me diante da generosa porta aberta, fecho-me, cuspo em minha própria essência, na sabedoria que se fez genuína. Gelo as palavras, as flores, as pedras e os caminhos. Abrir o que está sujo. Os meus olhos assassinam as artes mudas, as instâncias sacralizadas. Diamantes dia a dia, fumaça branca. Hoje, amanhã, a pólvora disse adeus aos seres humanos, mas renascer reina nas praças das bandeiras. Hastear as doutrinas, pós explosões. Ontem eu quis um beijo teu, hoje não tens mais voz para me dizer se aceitas o toque dos lábios de inverno. Lê meu gesto delicado na pintura esquecida, não colhas as sementes que ainda não foram regadas. Hospitais de almas, distantes hospitais de almas! De porta, louco. Dois medos presos. Panfletos queimados. Maquino a sensibilidade em concreto. São todos santos do asfalto, aceita o dia, a noite, a porta, que nos fecha, e nos dá apenas cores.
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