“Fazendo a contabilidade criativa
no emaranhado do orçamento estatal
e estabelecendo uma engenharia financeira
para transferir o custo da crise para
os setores sociais empobrecidos e endividados.
Na lógica do trampolim político para ascensão
social via rapinagem da canalha política brasileira.”
A deflagração de mais uma fase da Operação Lava Jato, com prisão de membros ilustres na “Republiqueta do Pixuleco”, uma burocracia partidária emitindo sinais inequívocos que o lema do Brasil não pode ser “Não Fale em Crise, Trabalhe”, deveria ser estabelecida uma nova insígnia “Roubo para o Progresso”, e, na constituição republicana brasileira, o ideário deveria ser “todos são iguais no roubo e inocentes perante a lei”.
Fica evidente que todos os partidos políticos criaram uma competição sutil na “criptoeconomia” criando um mecanismo subterrâneo de financiamento público que alimenta o “interesse privado partidário”. É a sonegação de todos os princípios éticos em prol da rapacidade sem precedentes, transformando o ato de roubar cotidiano.
Não sejamos ingênuos, somos todos cúmplices no precipício político e abismo econômico que o Brasil está metido! Em troca da “inclusão pelo consumo”, alimentado pelo crédito via "empréstimo consignado”, deixamos de controlar socialmente os abutres da canalha política, da direita para o centro, do centro para esquerda, no espectro político-partidário brasileiro. O que importava era a esperança de alçarmos a condição de País do Primeiro Mundo, com hábitos e cultura do consumo do centro do sistema capitalista.
A primeira viagem de avião, o primeiro vinho – mesmo que argentino, para aquele sujeito acostumado ao “tinto de mesa” em garrafão, o carro novo financiado, a Minha Casa – Minha Vida, a Minha Casa Melhor com eletrodomésticos comprados a longo prazo nas Magazines Populares, as férias nos “States” ou na Europa, o primeiro cartão de crédito internacional, tudo era estimulado pelo marketing eleitoral dos programas partidários, num misto de hipertrofia da mentira sistêmica como afirma Daniel Kertzman (2016).
Não adiantava denunciar que o Brasil sob o desígnio do pragmatismo político e ideológico com as trucagens dos marqueteiros estava naufragando. Todos eram tratados como hereges, profetas do caos, velhos do Restelo, pessimistas de plantão, golpistas e traidores da causa. No roteiro dessa novela tragicômica iniciada na transição democrática, em rotineiras alianças e coligações que permitiram a “rapinagem do erário público” se transformando na verdadeira distribuição de renda, limitado é lógico, para a nomenclatura burocrática-partidária, com suas excentricidades e hábitos conspícuos, tal como se expõe hoje enquanto uma fratura exposta da falta de decoro e ética na gestão da “res publicae” tupiniquim.
A trucagem marqueteira converteu todos os partidos do sistema político brasileiro em pragmáticos e utilitaristas funcionais. A narrativa que passou da estabilidade econômica a inclusão social, e, finalmente, em segurança jurídica, se funde na espetacularização dos presidentes-fantoches e cidadãos idiotizados pelo simbolismo da democracia brasileira. Enquanto, Sarney era o coronel democrata do “Tudo pelo Social”, Collor era o “caçador dos marajás”, FHC entoava o mantra “esqueçam o que escrevi”, Lula bradava “eu sou a metamorfose ambulante”, Temer , em sua interinidade indica que seguirá a “democracia da eficiência”. O mundo político das convicções se transformou na lógica do mercado de votos e seus dividendos, com todo tipo de degeneração e corrupção.
A rapacidade da canalha política brasileira criou um grande sistema de rapinagem do erário público, com utilização de uma sofisticada engenharia financeira e contabilidade criativa, lastreada por uma retórica polarizada que ludibriou uma geração, garantindo a ascensão de bandidos e ladrões travestidos de democratas e republicanos.
Esse é o legado da herança maldita, fruto da simbiose entre petistas e tucanos, apoiados por pemedebistas, produzindo para o Brasil uma bandalheira que se faz no ato de roubar do Estado para enriquecer poucos e empobrecer a maioria, um conflito distributivo que aprofunda a desigualdade histórica e aumenta a concentração de renda permanentemente.
Existirá desgraça pior para os brasileiros?
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