Em memória do querido e sensível amigo, Padre Edgar de Oliveira – humanista integral, cuja obra ficará (para sempre).
Já disseram que amigo é uma forma que Deus encontrou para nos proteger.
Talvez alguém já tenha observado: Deus chama Mozart quando quer conversar com os anjos.
Ou Bach? Não seria Beethoven?
Perdemos o contato, Padre Edgar.
A vida, mudanças de cidade, o “velho” em Tempo seguindo sua jornada. E vamos envelhecendo.
Mas o que seríamos sem MEMÓRIA?
1964 não foi um ano bom para nós dois, querido Edgar.
Para muitos? Sim. Houve uma espécie de “exílio interno” para ti e te visitei em São João Batista – tua terra natal.
Depois, anos mais tarde, ele foi “concedido” (o tal exílio) a mim.
Antes, na colônia dos padres jesuítas em Pinheiral (fazia o antigo Ginasial no Colégio Catarinense), aos 13 anos também fui te ver, com amigos, numa carroça (sim, todos nós enfiados numa carroça), e lembro que levei laranjas e tangerinas.
Poderia falar muito.
Um dos momentos mais pungentes e tocantes que pude presenciar foi o teu discursos (tuas tão humanas palavras) no velório do meu saudoso irmão Luiz.
Estavas tão comovido (era abril de 1986) que “abraçaste” o caixão e disseste: “Sei, amigo Luiz, que teus últimos tempos foram um verdadeiro calvário”.
E choraste. Choramos.
Mas, evangelizador que eras – em tempo integral– , nunca desististe. E, com o teu espírito agregador, acolhias a todos: cristão, ateus, agnósticos.
Tanto para contar.
Perdoa homenagem tão superficial.
Sei que teu nome e tua obra ficarão para sempre, que o teu “instante” não foi provisório – foi eterno.
Escuto o “Réquiem de Mozart.
Tua obra foi de uma generosidade imensa.
Um ato de fé na vida.
E como precisamos desta fé, em tempos tão doloridos, desencantados e mercantilizados.
“A arte de perder não é nenhum mistério”, escreveu a poeta Elizabeth Bishop.
Só digo adeus, Padre Edgar.
E OBRIGADO POR TUDO! (Brasília, junho de 2016)
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