quinta-feira, 9 de novembro de 2017

BARGANHA



por Emanuel Medeiros Vieira                             
             
“Quanto mais escura éa noite/Maior é o brilho das estrelas/Quanto mais profunda é a dor/Mais perto estamos de Deus” (Fiodor  Dostoievski)
  
Quanto custou a barganha (que chamaram de “negociação política” – é impressionante como a verdade sofre nesses tempos sombrios) para salvar Michel Temer da degola?

   Os cálculos variam.

   Para alguns, a referida “negociação” (com aspas) para barrar as duas denúncias criminais contra Temer teve um custo  que pode chegar a R$32 bilhões. Essa é a soma de diversas concessões e medidas do governo negociadas com parlamentares entre junho e outubro de 2017,

   Negociação é eufemismo. Foi barganha mesmo.

   Vivemos um momento de alta degradação e desalento.Uma espécie de pessimismo coletivo paira no ar.
   E para as próximas gerações?
   O saudoso escritor João Ubaldo Ribeiro dizia que o melhor do futuro é que ele não estaria mais aqui...

   Temer obteve os votos para barrar as denúncias. Mas continuará a ser um presidente impopular, fraco, que absorve todas as chantagens.
   A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota na qual condena a “barganha na liberação de emendas parlamentares pelo governo” e faz um alerta sobre a situação social e política do país.
   O que fazer? Não sei.
   Mais jovem, eu diria (e foi assim que tentamos fazer depois do golpe de 64: botar o povo na rua – ir além do desencanto e do pessimismo).
   Não adianta ficar apenas queixando-se em mesa de bar, ou em mensagem pela internet.
(Salvador, outubro de 2017)

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