Bakunin comendo um hibisco oferecido pela Luisa |
Não consigo entender certas coisas da vida...e pelo jeito nem da morte.
Pois o Bakunin, nosso pastor alemão, companheiro de 13 anos, amigo fiel dos meus filhos e netos, ateu, anticlerical, resolveu partir justamente em um dia sagrado do cristianismo. Dia dos Fiéis Defuntos, Dia de Finados ou Dia dos Mortos, data celebrada pela Igreja Católica no dia 2 de novembro.
Cheguei a pensar que poderia ser uma ironia deste alegre e querido anarquista, mas a tristeza que se abateu sobre a minha cabeça não me permitiu grandes devaneios, próprios destes momentos de perda.
As perdas na vida sempre são marcantes. Muitas vezes traumatizantes, deixando marcas que acabarão definindo o seu humor e até a personalidade. Não seria o meu caso. Já não tenho mais tempo para ficar traumatizando e "impressionado" com coisas que sabemos, são inexoráveis, como a morte.
Na verdade a questão nem é a morte, mas a vida, a "perca". Embora tenha constituído família (tardiamente), o Bakunin era a figura principal do terreno com árvores, abrigo e água limpa que dividia com a Flora Tristã e com o Leon, seu primogênito.
Desde que voltei da Colômbia, uma semana atrás, comecei a perceber o declínio na vida do cara. O latido grave da noite estava mais rouco, e a lua cheia já não o empolgava mais a desferir aquele atávico uivo melancólicos que eu nunca entendi se seriam um lamento ou uma celebração.
Bem, a questão é que o Bakunin foi sacrificado, na minha presença, no Dia dos Mortos. Fiquei abatido, mas mesmo assim, à noite, celebrei com alegria (à la mexicana) a partida do amigo.
Bebi o amigo!
* Temporada de cobras
A atividade no meu mundo animal foi intensa nos últimos dias. NatGeo perde.
Duas noites antes do passamento do Bakunin, por volta da 1h da manhã, escutei o latido insistente do Leon (3 anos), em direção à garagem ao lado da casa. O Baku já não estava na ativa, passava a maior parte do tempo dormindo. Com o tempo aprendemos o "idioma" dos latidos. Se é umano passando é um tipo de latido. Se são os bois do terreno ao lado que fazem um circuito noturno no grande campo lindeiro, é outro...
Levantei, dei uma olhada pela janela do quarto que estava aberta e vejo a Massinha, gata da Luisa, atracada com uma cobra grande.
Desci rapidamente, peguei um cabo de vassoura e fiquei tentando apartar a briga. Apenas apartar! Não mato cobra, nem judeu. São os mais perseguidos da história da humanidade.
A cobra já estava detonada. A cabeça meio amassada e o corpo se contorcendo, mais por reflexo elétrico que por vida.
Quando a Massinha se afastou, percebi que estava com o lado direito da cara toda ensanguentada.
Putz! Pelo que vi da cobra, parecia uma jararaca porém o rabo não afinava abruptamente, o que é uma característica das venenosas. De manhã cedo as donas da Massinha, a Luisa e a mãe dela, a levaram ao veterinário. A gata tinha quatro picadas na cara.
Não morreu!
Está convalescendo a base de antibióticos e corticóides.
Na sexta-feira, fui convocado por uma amiga da Isadora, para - abaixo de chuva - retirar um cachorro que havia invadido o pátio da sua casa que estava alugada para um família de franceses. Com tanta atividade no mundo animal, nos últimos dias, retirar o invasor, mesmo com chuva, foi barbada!
Ufa! Que semana!
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