Este
pequeno e divertido relato faço mais para meus dois parceiros de jogo.
Sim, parceiros, eu os tenho. Não são adversário, são parceiros, jogam emparceirados comigo contra a "banca", sempre. A vida de jogador tem alguma idiossincrasias bem peculiares que, somente os habitantes do "meio" conseguem perceber.
Não é bem o caso do acontecido esta noite de sexta-feira no corredor do quarto andar do Sheraton Firenzi Hotel (Florença). De qualquer forma o relato é mais dirigido aos parceiros. Entenderão melhor e darão boas gargalhadas pois a situação é tão ridícula e engraçada que consegue reunir - em um pensamento rápido e descontrolado, indominado pelo vino - Aléxis
Ivanovitch, personagem principal de Fiódor Dostoiévski em seu livro O
Jogador, e uma máquina de água e refrigerante que o Sheraton
disponibiliza em cada andar do prédio.
Depois
de uma viagem maravilhosa no trem rápido, Roma/Firenzi, cheguei ao
hotel ladeado por uma autopista, nas cercanias de Florença. A primeira
coisa que perguntei foi se existia, por ali, máquinas caça-níqueis.
Diante da negativa, torci o nariz e subi ao quarto número 4074 (pavão na
zooteca).
Enchi a banheira com água quente e mergulhei meus pés massacrados de tantas andanças nos últimos dias em Roma. Claro que o bálsamo reparador foi acompanhado de um Santedame 2009, um Chianti Clássico. Vinho com a certificação do Galo Nero, como aconselha meu sogro, mestre dos vinhos, Walmor Belz.
Vinho
bom desce rápido. A água do frigobar escasseou e tive que recorrer
àquela máquina caça-níquel, fria, de alumínio e vidro que poderia
resolver o meu problema de haver ultrapassado o limiar de perda dos 0,5%
do meu peso em água. É quando surge a sede.
Saio do quarto, enrilado em uma toalha e me dirigi à máquina com várias moedas de 1 e 2 euros na mão. Queria resolver o problema e voltar rapidamente ao quarto. Como
cada garrafa de água custava 1,5 euros, coloquei várias moedas de 2
euros na máquina na esperança de conseguir enes garrafas de água.
Engolidas as moedas, imediatamente a máquina começou a funcionar, emitiu
uns ruídos estranhos, de máquinas, e devolveu apenas uma garrafa
d'água! Fiquei
esperando pelas outras e, aí vem a parte interessante, não caiu
mais nenhum. Em vez de garrafas a máquina começou a vomitar moedas, que
caiam em quantidade e faziam aquele som clássico das maquinetas dos cassinos quando pagam um bom premio, o do níquel pesado batendo no alumínio fino.
Na hora encarnei Aléxis Ivanovitch no seu pensamento de atingir o objetivo final, quebrar a banca!
Não era nada disso. A máquina aceita uma moeda de cada vez, engole moedas de 1 e 2 euros e devolve sempre em moedas de 25 cents,
ou seja, a cada moeda de 2 euros, se ela fizer devolução, vai devolver
quatro moedas de 25 cents. Foi isso que aconteceu. O barulho do níquel
com o alumínio dava um sensação de quantidade e eu, por um momento,
achei que estava diante de mais uma daquelas máquinas descontroladas que
volta e meia aparecem nas nossas estradas.
Não foi desta vez! (Outubro e 2013)
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