segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O Turismo Ostentação na Província Catarina Virginal


por Eduardo Guerini

A província Catarina virginal e seus governantes são ávidos por boas notícias sobre sua região e os hospedeiros de ocasião – os turistas. Toda temporada de verão é uma festa na província. Os colunistas sociais, os comentaristas e jornalistas tentam vender um paraíso tropical num clima subtropical, característica que nenhum meteorologista ousa contrariar.

Nas últimas décadas, a luta dos provincianos para colocar a província no mapa mundial dos destinos turísticos, segue a lógica da colonização, se criticar é herege, sendo queimado diuturnamente na fogueira das vaidades jornalísticas da mídia local. Quem não quer o desenvolvimento, a geração de emprego e renda proporcionada pela “indústria sem chaminés”. E assim, a província se desenvolveu em toda a orla litorânea, vangloriando seus feitos, suas edificações e arranha-céus, ainda que provoque uma horda predatória por empresários gananciosos, que na maioria das vezes, pouco se importa com as questões ambientais, discurso para verdolengo e ecochato.
A turma dos “contra” perdeu para turma “a favor”, o litoral foi ocupado dos costões santíssimos aos “beach clubs”, temporada após temporada, os colunistas se regozijavam das personalidades personalíssimas – as celebridades, que aportavam e sobrevoam para ver nossas lindas nativas, rebolando entre um funk ostentação, um sertanejo universitário e um pagodão comportado. Nada de tradições, o importante é a colonização e aculturação passiva, sinônimo de desenvolvimento para a festejada “troupe” de governantes comprometidos com a especulação imobiliária e trade turístico.

A especulação tomou conta, os preços foram às alturas, nos tornamos a Ibiza, a Dubai, a Cote d’Azur , a Riviera, a Mônaco, com seus novos ricos, hábitos e costumes esplendorosos, muitas vezes, com algumas cafonices e bizarrices de dar dó. O importante é sair na coluna social do colunismo rastaquera provinciano, ou, na tentativa de entrar no turismo ostentação, frequentar uma feijoada ou peixada que antecede o fracassado carnaval na província.

O tempo passou, os títulos para cidades praianas e suas adjacências são majestosamente divulgados, tais como: “capital turística do Mercosul”, “Costa Esmeralda” , “Cidade de Anita”, “ São Chico”, “Maravilha do Atlântico Sul”, “Dubai brasileira”. Todas as pompas e glamour não se comparam a “Jurerê Internacional”, loca do jet set nacional e internacional. As estimativas sempre foram superlativas para a mídia local, do réveillon ao carnaval, tudo é potencializado, onde estão dez turistas cabem um milhão, onde passam alguns “hermanos” se transforma de invasão argentina, ainda que, não passem de farofeiros da classe média que não conseguem seguir para Europa, nos festejado inverno.

Eis que a natureza começou a conta de tanta empulhação, especulação e desvario governamental. As chuvas torrenciais de verano, ainda que acima da média histórica, demonstraram para os provincianos e sua mídia, que a força propulsora do turismo ostentação voltou como uma tsunami contra o turismo de predação. Entre o saudosismo das praias quase desertas, sem qualquer beach club, águas límpidas para o banho de mar, a pacata vida da pesca artesanal nas comunidades tradicionais, as velhas rendeiras e histórias de bruxas, do velho cais do mercado, etc., e o modelo de turismo anárquico gourmetizado, não restou muito senão a limpar o lodaçal de mais uma enxurrada do verão, com lamentos rotineiros e gestores comprometidos com interesses que vão muito além da linha da maré.

Afinal, o verão é um tempo de festa, sinônimo de ostentação. Viva o turismo com seus “pés de barro”, melhor “pés de lodo”, resultado da predação produzida por um modelo de desenvolvimento periférico, louvado em prosa e verso por colunistas e comentaristas regurgitadores do seus coronéis de areia!!

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