quinta-feira, 21 de março de 2019

O polvo

por Marcos Bayer

   O polvo só morre quando lhe é cortada a cabeça ou todos os tentáculos. Possui ainda a capacidade de soltar uma tinta para despistar e fugir de seus predadores. Assim é o poder, também!

   No Brasil de hoje estamos assistindo várias manobras para encobrir o poder e consequentemente perpetuá-lo. O Supremo Tribunal Federal transfere para a Justiça Eleitoral crimes conexos ao chamado caixa dois, para que ela faça a análise e devolva à Justiça comum o que lhe couber. O ex-senador Lindenbergh Farias foi o primeiro beneficiado. Não temos mais notícias do Queiroz, aquele que multiplicava salários, como já se fez com os peixes e com o vinho. O presidente da Câmara dos Deputados desautoriza publicamente o ministro da Justiça, Sérgio Moro, chamando –o de funcionário do presidente, dizendo que o projeto anticrime elaborado recentemente em sua pasta será apêndice do projeto anterior de Alexandre Moraes, ex- ministro de mesma pasta. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, determina abertura de inquérito contra fato e pessoa desconhecidas. O presidente do Senado Federal diz que, neste momento, não dará prosseguimento ao pedido de impeachment proposto pelo advogado Modesto Carvalhosa contra Gilmar Mendes. Este, por sua vez, no plenário do STF, põe sob suspeição o Ministério Público Federal. O senador Kajuru denuncia Gilmar Mendes por venda de sentenças e este pede providência cabível ao presidente da suprema corte. Entre o presidente da República e seu vice existem atritos cada vez mais visíveis. O ministro da Educação parece sem rumo. Outros ministros estão na linha da destituição. Até agora sobrevive o ministro Paulo Guedes e toda sua equipe na área econômica. Assim mesmo, ao encaminhar a reforma previdenciária dos militares, teve que “aceitar” uma reestruturação na própria carreira militar.

   O povo brasileiro, além dos logros a que é submetido diariamente, está divido em duas categorias até que consiga romper com a maior injustiça de todas. A existência de dois tipos de cidadãos: os de primeira e os de segunda categoria. E o que os separa são os salários públicos de R$ 40 mil reais.

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