por Marcos Bayer
O polvo só morre quando lhe é cortada a cabeça ou
todos os tentáculos. Possui ainda a capacidade de soltar uma tinta para
despistar e fugir de seus predadores. Assim é o poder, também!
No Brasil de hoje estamos assistindo várias manobras
para encobrir o poder e consequentemente perpetuá-lo. O Supremo Tribunal Federal
transfere para a Justiça Eleitoral crimes conexos ao chamado caixa dois, para
que ela faça a análise e devolva à Justiça comum o que lhe couber. O ex-senador
Lindenbergh Farias foi o primeiro beneficiado. Não temos mais notícias do
Queiroz, aquele que multiplicava salários, como já se fez com os peixes e com o
vinho. O presidente da Câmara dos Deputados desautoriza publicamente o ministro
da Justiça, Sérgio Moro, chamando –o de funcionário do presidente, dizendo que
o projeto anticrime elaborado recentemente em sua pasta será apêndice do projeto
anterior de Alexandre Moraes, ex- ministro de mesma pasta. O presidente do
Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, determina abertura de inquérito contra
fato e pessoa desconhecidas. O presidente do Senado Federal diz que, neste
momento, não dará prosseguimento ao pedido de impeachment proposto pelo
advogado Modesto Carvalhosa contra Gilmar Mendes. Este, por sua vez, no
plenário do STF, põe sob suspeição o Ministério Público Federal. O senador
Kajuru denuncia Gilmar Mendes por venda de sentenças e este pede providência
cabível ao presidente da suprema corte. Entre o presidente da República e seu
vice existem atritos cada vez mais visíveis. O ministro da Educação parece sem
rumo. Outros ministros estão na linha da destituição. Até agora sobrevive o
ministro Paulo Guedes e toda sua equipe na área econômica. Assim mesmo, ao
encaminhar a reforma previdenciária dos militares, teve que “aceitar” uma
reestruturação na própria carreira militar.
O povo brasileiro, além dos logros a que é submetido
diariamente, está divido em duas categorias até que consiga romper com a maior
injustiça de todas. A existência de dois tipos de cidadãos: os de primeira e os
de segunda categoria. E o que os separa são os salários públicos de R$ 40 mil
reais.
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