Lacalle, que obteve 28% dos votos e disputa o segundo turno com Mujica (47,49% dos votos) disse que o resultado da eleição foi "providencial". A menção religiosa incomodou Mujica, ex-guerrilheiro Tupamaro, que julga descabido, "num país republicano, sugerir que uma eleição em que o povo define os destinos da nação possa ter o dedo de Deus". Mujica disse que a afirmação de Lacalle expressa um retrocesso e comparou-a com o pensamento do ex-ditador espanhol Francisco Franco.
A critica de Mojica é comprensível já que o Uruguai é um país laico desde o final do século XIX, e diferentemente do Brasil não mistura política com religião. Para se ter idéia dos avanços de cidadania do país e da independência do Estado com a igreja uma lei aprovando o divórcio, considerando a vontade da mulher ao pedí-lo, data de 1907! A conquista desta identidade nacional aconteceu em meio a muita tensão e confrontações públicas as vezes hilárias.
Na década de 20, anúncios colocados nos principais jornais do país convidavam a população a churrascos grátis, ao ar livre. O detalhe geográfico e temporal impressiona. A carne era assada na praça em frente à catedral, justo na sexta-feira santa. A fumaça da gordura racionalista da época penetrava nos vãos do templo barroco e enlouquecia igualmente a clérigos e ovelhas.
Atrás das churrasqueiras estava uma elite intelectual e política que bebeu em sua formação do liberalismo e positivismo francês, além da maçonaria, e que estava em aberta luta contra o poder da Igreja Romana.
Tá explicado porque o Uruguai é essa potência. Que grande besteira hein blogueiro, confundir laicidade com a ausência de Deus. Afinal o candidato não fala em nome do Estado.
ResponderExcluirLuciano nota 10. Há uma sandice vagando entre o ateísmo militante e mal-informado que confunde a laicidade do Estado com a crença em Deus. BUT... cada qual com suas leituras...
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