Em tempo que governar é uma atividade arriscada para o cenário político futuro. A “mão-invisível” que administra os gestores da republiqueta bruzundanga.
No segundo ato, o comemorativo momento do Partido dos Trabalhadores, marcando seus 33 anos de existência, com o estrelato das figuras governantes e alguns militantes que usufruem da máquina partidária em sua pragmática forma de existência. No palco, a estrela-mor, o ex-Presidente da República, em seus arroubos carismáticos e populistas, com habilidade em seu estratagema para manutenção do poder de sua criatura, anuncia para toda nação petista, o projeto de reeleição da atual mandatária do Planalto Central.
A antecipação do calendário eleitoral produz dois efeitos preponderantes na atual gestão da governanta petista. Em primeiro lugar, os resultados econômicos observados nos dois primeiros anos de gestão são pífios. Assim, o estrategista do PT lançou uma “cortina de fumaça” desviando as atenções do cenário econômico pessimista, que se traduz no crescimento econômico decrescente e na queda do investimento, para o campo político. Em segundo lugar, tomando as rédeas do processo sucessório, o ex-presidente antecipou o calendário eleitoral, produzindo o primeiro caso de “pato manco”, ou seria, “pata manca” , no curso de um primeiro mandato presidencial. Importante ressaltar que o termo “pato manco”, adotado no léxico político norte americano é utilizado para designar um presidente em segundo mandato, sem qualquer ambição futura.
No enredo de um calendário eleitoral antecipado, a ideia forjada fora de contexto , vai repercutindo em todos os quadrantes da federação brasileira. Na apressada forma de desvirtuar a realidade , o criador e sua criatura, passam dias e noites arquitetando formas precisas de adequar sua coalização governista ao condomínio de poder para 2014.
Em escala regional, nossos governadores provincianos, acusam o golpe de mestre do iluminado mentor, e, forçosamente, acionam suas milícias para arquitetar a sobrevivência política das forças estaduais.
O descaso com a construção da cidadania toma conta na deficiente atuação do aparato estatal nos setores mais demandados pela população - saúde, educação e segurança pública. O aparato governamental em escala federal e estadual, em deliberada ação para manutenção de suas milícias partidárias coligadas no saque e pilhagem continuada. No cenário municipal, a miserável condição fiscal, submete todos os mandatários , a condição de esmoleiro rotineiro dos beneplácitos de governadores ou presidentes, com o inegável “tráfico de influência” dos representantes políticos.
Neste tumultuado ano cabalístico, ficamos estarrecidos diante da subserviência de um poder representativo débil – liderado por um renunciado senador “ficha suja” na casa senatorial, um “denunciado” deputado na presidência da câmara menor, frente um executivo imperativo, um judiciário moroso e espetacularizado, refletida no descrédito da opinião pública, com perda de representatividade e legitimidade.
Sentimos esse distanciamento cívico nos movimentos reivindicatórios de combate á corrupção e formas degeneradas da prática política. Essa apática cidadania brasileira, permite que desejos autoritários se consolidem na republiqueta tupiniquim pelas práticas de um populismo rastaquera que entoa o mantra de “glorificação de oprimidos”.
Nos sonhos republicanos pueris, somos manipulados pelos vínculos elitizados do poder, enredados no liame populista dos enredos governistas, aceitamos passivamente nossa covarde condição de cidadão alienado.
Diante de um calendário eleitoral antecipado, carentes de serviços essenciais básicos, e em uma miserável condição de existência, nos submetemos ao fatídico desígnio da servidão condicionada pela apatia cívica, tal como apontara La Boétie no século XVI “(...) Ver um número infinito de homens não obedecer, mas servir, não serem governados, mas tiranizados; (...) Sofrer as pilhagens, a libertinagem , as crueldades..”.
Na particularizada condição política que se estabeleceu no calendário pascal brasileiro, os dirigentes das principais siglas, em deliberados conchavos interesseiros, abandonaram a gestão ao livre jogo dos interesses momentâneos, e os cidadãos atônitos vociferam silenciosamente aquilo que precisa ser dito “Até mesmo os bois gemem sob o jugo, e os pássaros se lamentam na gaiola (La Boétie...)”.
Na venturosa e amadurecida democracia brasileira, os governantes desejosos de reeleição são transformados em “patos mancos”, sequestrados por interesses oportunistas e pragmáticos de lideranças megalomaníacas em seus arroubos populistas.
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