Caro Canga,
Teu amigo Giron teve um debate excelente contigo, onde fica claro que os simpatizantes do governo se recusam a enxergar o óbvio, respaldados numa tradição esquerdista que eu sempre achei idiota, qual seja, aconteça o que acontecer, a razão estará sempre "do nosso lado". Lembro-me de uma greve trágica na Eletrosul, onde perdemos tudo. Na saída negociada, com vários demitidos e desconto dos dias parados, sem qualquer conquista, o dirigente sindical Delman Ferreira saiu-se com esta: "conquistamos um comando unitário nacional dos eletricitários federais". É mole...?
Os governistas e seus simpatizantes não abrem mão do auto elogio. Consideram os governos dos últimos 3 mandatos como bem sucedidos, pois "tiraram 30 milhões de brasileiros da miséria", como costuma proclamar o profeta Lula e seus admiradores no mundo todo.
Auto crítica? Nenhuma. As dificuldades atuais são passageiras e "nunca antes neste país" se administrou tão bem. Se alguém ousa fazer reparos, ainda que bem fundamentados, trata-se de uma atitude golpista ou, no mínimo, comprometida com a oposição exercida pelos tucanos do PSDB. Como se a aliança de governo do PT fosse melhor do que aquela montada por FHC. Na verdade, ambas são "sujas" e focadas prioritariamente na pilhagem do Estado brasileiro, em benefício da claque governante.
Evidentemente, algo de bom foi feito nestes 13 anos de PT e seus aliados. Na minha opinião, o melhor foi a abordagem da política econômica a partir da geração de um mercado interno, nos primeiros anos dos governos Lula, quando Antonio Palocci era o ministro da Fazenda. Ele aproveitou o melhor dos anos FHC, mas descartou sua estratégia de arrocho salarial e contenção da inflação pela queda da demanda por consumo. Além disso, aproveitou o bom momento da economia asiática e incentivou as exportações de commodities, reduzindo a zero os impostos da exportação. Mas, não fez o dever de casa, como os chineses estão fazendo agora.
Mantiveram o Real super valorizado, o que incentivava as importações. Isso foi fatal para a indústria brasileira, pois o país passou a importar de tudo, compensando a balança comercial com a boa sorte nas commodities. Desde camisetas até trens, tudo passou a vir de fora. O aumento da renda dos trabalhadores e o financiamento a longo prazo garantiam o consumo das famílias. O Brasil viveu uma década de euforia e os brasileiros, que não são muito chegados em acompanhar a política e as gestões públicas, não viram o que estava acontecendo: o "toma lá, dá cá" na montagem do governo, a falta de critérios de mais longo prazo para montagem da política econômica, a corrupção crescente nas estatais e no governo, etc.
Agora que a mágica acabou, Lula, a Presidente Dilma e os líderes aliados ficam batendo cabeça e tentando sobreviver. Como acumularam gordura e desmontaram a oposição política, que é praticamente inexistente, as tentativas de impeachment (inapropriadamente chamadas de Golpe) não encontraram eco na sociedade, ao contrário do que aconteceu com Collor de Mello, ele próprio um dos figurões atualmente cooptados pelo PT.
O quinto ano do governo Dilma foi trágico e nos restam ainda mais três anos pela frente. Não é possível prever muita coisa, mas, uma certeza é barbada: A ECONOMIA VAI PIORAR."
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