Por Laercio Duarte
Muitas pessoas fazem a sombria previsão de que o Brasil do futuro será a Venezuela de hoje. Do ponto de vista político, as mesmas condições estão dadas. O governo Lula-Dilma é sustentado por uma aliança com as camadas mais atrasadas da burguesia nacional, incluindo o velho e tenebroso latifúndio. Basta ver que o próprio Ministério da Agricultura está entregue nas mãos de uma notória desmatadora da Amazônia, como parte do loteamento tipo "porteira fechada" do governo entre seus pares. Há várias semelhanças entre nós. Aquele triste paraíso caribenho é proprietário da maior reserva mundial de petróleo, que, afinal, não serve para nada, pois conseguiram destruir a companhia estatal PDVSA, tal qual o governo brasileiro está fazendo com a PETROBRÁS. Os militantes violentos que sustentam o regime chavista de Maduro são parecidos com os nossos gorilas da UNE-MST-CUT, etc, que estão prontos a pegar em armas para defender o que dizem ter conquistado, ou seja, sua quota de Poder.
Mas, o Brasil é muito maior e mais complexo que a Venezuela. A começar pela diversificação de nossa economia. Apesar da política petista ter estagnado a indústria, ela continua sendo a maior dos países latino americanos. Nossa produção de grãos é maior que a soma de todos os demais países latino americanos somados. A mineração é uma das maiores do mundo, mesmo com desastres como o de Mariana. Temos milhões de jovens estudando em universidades, apesar de tudo. Um mercado interno com 200 milhões de potenciais consumidores. E uma elite intelectual brilhante, autônoma e criativa.
O futuro do Brasil será decidido pelos brasileiros, ainda que a propaganda oficial os engane e os manipule da forma como foi feita nas últimas eleições. Em algum momento chegará a hora da virada, não tenhamos dúvidas disso.
Uma de nossas vantagens em relação ao regime de Maduro, é que nossas Forças Armadas nunca se dividiram, mesmo nos momentos que cometeram os erros estratégicos mais crassos da história. O Golpe de 1964 foi prova disso. Atiçados pelas "vivandeiras de porta de quartel", segundo a clássica denominação do marechal Castelo Branco, as três armas decidiram em conjunto pelo golpe e unidas permaneceram, até a saída negociada da ditadura militar, a partir de 1980.
Diferente da Venezuela, onde se prevê cada vez mais a possibilidade real de uma guerra civil interna. As milícias chavistas contariam com apoio militar de uma parte das Forças Armadas venezuelanas, enquanto a outra parte estaria aliada à oposição. É o pior cenário possível. Felizmente, disso estamos livres, por enquanto.
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