sábado, 2 de janeiro de 2016

MEMÓRIA HIPPIE

   Esta seção é publicada semanalmente e tem o propósito de resgatar as imagens sonoras da geração que imediatamente sucedeu aos beatniks. Destes, os HIPPIES herdaram o espírito aventureiro "on the road", mas não a raiva existencial que os caracterizava, a revolta contra tudo e contra todos, que resultou numa espécie de louvação ao mundo dos vigaristas, dependentes químicos e pequenos ladrões, onde Ginsberg e Kerouac buscaram inspiração. Os HIPPIES, ao contrário, celebravam a vida de um modo simples e contemplativo, praticando uma socialização primitiva, próxima dos ideais tribais, num estilo de vida nômade e junto da natureza.
   Hoje, falamos mais uma vez de Bod Dylan.

   O VALETE DE COPAS
   Robert Zimmermann foi um garoto pobre, judeu, criado numa aldeia junto à gelada fronteira canadense. Suas perspectivas na vida eram a mesma de um auxiliar de lavação de pratos num restaurante, sua primeira ocupação. Cedo percebeu isso e abandonou a aldeia judaica, para caminhar sem destino pelas trilhas e estradas norte americanas. Qualquer coisa era melhor do que aquilo que a vida lhe prometia. 

   Dylan, como se auto apelidou em homenagem ao poeta inglês Dylan Thomas, foi fundo na alma norte americana e compôs vários countries em sua longa carreira. São músicas de cow-boys, que ele pesquisou intensamente durante anos. Ele foi um craque na execução do estilo Chautauquia, que significa o cantar de peregrinos que andam pelas estradas da América do Norte, compondo poemas e contando causos através da música, em longas histórias sobre acontecimentos sem importância, porém representativos da cultura caipira dos Estados Unidos. 
   Um de seus melhores momentos foi a criação do álbum "Sangue nas trilhas", de 1975. Desse álbum, Dylan nunca permitiu o relançamento ou postagem daquelas músicas em qualquer mídia social. O disco em vinil, única edição lançada, está esgotado. Eu tinha uma cópia, mas alguém a levou. Espero que tenha feito bom proveito! Uma canção se destacou, como se fosse um longo filme, contando uma aventura do cotidiano do "far west". Devido a sua longa duração e complexidade dramática. Está praticamente esquecida da obra do cantor, sendo muito pouco referenciada, mesmo entre os especialistas. Chama-se "Lily, Rosemary and The Jack of Hearts". No baralho, Jack of Hearts é o apelido da carta Valete de Copas. 
(Laercio Duarte)


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