segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

IMPUNIDADE PARA OS PODEROSOS?

Por Emanuel Medeiros Vieira

“Ao trabalho, doutores. Aí estão as provas. Foram obtidas legalmente. Refutem-nas. Não desperdicem seu tempo tentando retocar a radiografia. Cuidem dos pacientes, que o caso é grave”. 

(Sérgio Moro, juiz federal do Paraná que comanda a Operação Lava Jato, ao responder, num despacho, aos advogados que defendem os réus do caso e mandaram publicar manifesto criticando a condução do caso pelo magistrado.)  
Raymundo Faoro, em sua seminal obra, “Os Donos do Poder”, entre outros temas, abordou com intensa profundidade, o nosso o patrimonialismo .
   A carta dos advogados das bancas mais ricas e poderosas do país contra a operação Lava Jato, enquadra-se em muito do que Faoro escreveu.
   Um inocente pobre e negro, preso sem provas, mereceria tal missiva? Nunca!
   Quando os advogados mais ricos, com as bancas mais poderosas do país, reúnem-se para redigir tal epístola – cuja retórica não convence os homens lúcidos e de boa vontade – é PORQUE FOI QUEBRADA A ESPINHA DORSAL DA IMPUNIDADE, que sempre prosperou no nosso país.

   O resto é mera retórica.

   E, sem ofensas; quem está pagando os advogados de gente tão poderosa – saqueadores da Petrobrás e de tantos sonhos de justiça?
   Não será o dinheiro do povo brasileiro?
   A Petrobrás – perdoem a platitude – PERTENCE AO POVO BRASILEIRO.
   Lênin dizia não confiar em advogados. “Advogados? Nem os do Partido” (Comunista), dizia.
   Eu não. Além de amigos, sem soberba, tenho na minha família advogados probos, de alto nível e muito dignos: advogados atuantes, juízes, promotores, desembargadores etc.
   A luta é duríssima. Tudo farão para desqualificar as acusações – recheadas de robustas provas. Os advogados falam em “tortura”. Eles não sabem o que é isso.
   Tortura ocorreu na Operação Bandeirantes (OBAN), talvez maior sucursal do inferno que já houve no Brasil. Estive lá.
   E quem pode testemunhar (porque também sofreu na carne) as torturas infligidas a quem passou por lá é um cidadão de nome Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma, com quem estive naquele inferno.
   Choques elétricos em todas as partes do corpo, “cadeira-do-dragão”, bofetadas, “telefones” etc. – o horror em estado puro.
   Os réus da Lava Jato estão tendo ampla defesa. O discurso obscurantista, de privilegiar os maiores, não engana ninguém. E desqualificar os que pensam diferente, é mero lugar-comum de gente com escassos argumentos.

   É que eles não sabem o que foi a OBAN ou DOPS.

   Esperamos que, um dia, não seja mais preciso uma Lava Jato para ajudar a purificar o país.
   Quem andou pelo sertão nordestino, como eu, sabe que esse saque (pirataria) é uma bofetada brutal nos direitos da maioria do povo brasileiro –, os despossuídos, os humilhados, os ofendidos, os roubados todos os dias.

   Quero avisar que não recebi dinheiro da CIA... E que meu coração continua no mesmo lugar.

   Ah, Luiz Travassos, ah, Honestino Guimarães, ah, Chico Pinto, ah, Anísio Teixeira, ah, Milton Santos, ah, Carlos Marighela e tantos outros.
   Jogaram no lixo os sonhos de muitas gerações.
   Que fique claro: a História não absolverá essa gente*

*Adendo: Lula diz que não há ninguém no Brasil mais honesto do que ele.
   Estou pensando em escrever uma carta para o magnânimo Papa Francisco, propondo a canonização do ex-presidente.


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