Da Isto É
Diálogos interceptados pela Lava Jato mostram que a presidente Dilma agiu para obstruir a Justiça, o que configura crime de responsabilidade, e sua permanência no cargo torna-se insustentável
Por Sérgio PardellasA presidente Dilma Rousseff perdeu as condições de permanecer na cadeira de presidente da República. Desde a semana passada, o terceiro andar do Palácio do Planalto abriga uma mandatária indigna do cargo para o qual fora eleita pelos brasileiros por duas ocasiões. Em seu juramento de posse, Dilma prometeu manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis e promover o bem geral do povo brasileiro. No discurso subsequente, comprometeu-se a lutar para que “o braço da justiça alcançasse a todos de forma igualitária”.
Na última semana, os diálogos divulgados pela força-tarefa da Lava
Jato, obtidos a partir de grampos telefônicos realizados no aparelho
celular do ex-presidente Lula e de outros investigados, comprovaram o
desprezo da presidente da República às leis, à Constituição e aos
interesses da sociedade. As escutas mostraram ainda de maneira
inequívoca que, ao contrário da retórica inaugural do seu mandato, Dilma
pouco se importa com o princípio constitucional da igualdade – ainda
mais perante a Justiça.
Nas conversas, ficou claro que Dilma agiu pessoalmente, ao lado de
Lula, na tentativa de obstruir a Justiça. As armações, muitas delas
engendradas no interior do gabinete presidencial, tinham o único
propósito de evitar a prisão preventiva de Lula, já encaminhada,
assegurando-lhe o privilégio de foro. Não seria a primeira, nem a
segunda ou a terceira vez que o governo – e Dilma – atuariam com o
objetivo de interferir nas investigações, conforme revelou o c onteúdo
extraído da delação do ex-líder do governo, Delcídio do Amaral (MS),
antecipada há duas semanas por ISTOÉ.
Mas os áudios, contendo o peso das palavras e das vozes
inconfundíveis dos mais altos hierarcas da República, conferiram
publicidade e materialidade à trama – o que é indiscutivelmente
fortíssimo e grave tanto do ponto de vista político como jurídico. Nos
últimos dias, a Procuradoria-Geral da República estudava abrir
investigação contra a presidente. Independentemente da decisão do MP, a
manutenção de Dilma na Presidência é insustentável. Se um gesto de
grandeza - inerente aos estadistas - lhe escapar, ou seja, a renúncia,
onde a presidente pela primeira vez desde a eleição colocaria os
interesses nacionais acima das conveniências pessoais e políticas, a
trilha do impeachment no Congresso será uma realidade.
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