Por João José Leal, de Tijucas.
Com a temperatura política, lá em Brasília, nas alturas, quase pegando fogo, nas ruas e praças deste alquebrado país, nem prestamos atenção que este ano da desgraça de 2016 já queimou uma de suas quatro estações. É! O tempo passa rápido. Voa nas asas de nosso cotidiano agitado, cheio de ansiedade, sem tempo para calmarias nem serenas reflexões. Assim, embarcados na correria da vida moderna, olhos e ouvidos na crise política, nem nos demos conta de que o verão se foi na madrugada do último domingo, depois de cumprido seu itinerário astronômico de três meses.
Não foi um verão ameno, muito menos amigo. Além dos dias escaldantes, que não foram poucos, das canículas que nos obrigaram a correr para refrescantes sombras de acolhedoras árvores ou a buscar o confinamento de espaços climatizados, este foi um verão de assustadoras tormentas, temporais diluvianos, alagamentos e desbarrancamentos, dolorosas tragédias que castigaram impiedosamente cidades e muita gente sofredora.
Sim, desde a madrugada do último domingo, estamos no outono, estação da nostalgia e da queda das folhas amarelecidas e envelhecidas pelo sol intenso do verão, nessa dança anual e interminável da folhagem morta no seu inevitável retorno ao ventre da terra-mãe. Dizem os astrônomos que, quando começa o outono, passamos pelo equinócio. Nesse dia, a noite tem exatamente a mesma duração do período noturno, tanto no nosso hemisfério sul quanto no norte. Se este é um fenômeno que só os cientistas dos céus e estrelas entendem o seu sentido exato, nós, mortais leigos, sabemos muito bem que o começo de outono não significa necessariamente refresco para o calor da estação estival.
Pelas previsões meteorológicas, hoje confiáveis, ainda vamos enfrentar dias tão quentes quanto a elevada temperatura do atual caldeirão político nacional. Já deu para ver que esses primeiros dias do outono foram de intenso calor. Sabemos, no entanto, que isso vai mudar com o passar dos dias. A natureza pode ter as suas variações, mas não deixa de caminhar segundo suas próprias leis. E, assim, chegarão os dias mais frescos, dias mais frios porque, no tempo cósmico, caminhamos em círculos. Neste momento outonal, estamos em direção ao inverno, que nos trará dias de frio.No campo político, as previsões são sempre incertas e relativas. O que se sabe, ao certo, é que a temperatura está quente demais, com a pauta política sendo marcada por uma bomba incendiária a cada dia. A grande maioria dos brasileiros está indignada com o que o governo petista fez com o país e quer o afastamento da presidente Dilma, a fim de se buscar uma saída para a situação caótica em que se encontra a nossa nação. Se essa é a vontade da grande maioria do povo brasileiro, renúncia, impeachment ou cassação de mandato, não pode ser chamado de golpe. Por isso, penso que Dilma Rousseff dificilmente permanecerá na presidência da República até o final desta estação outonal que mal começou
Nenhum comentário:
Postar um comentário