Amigo de fé, ponta firme, companheiro de combate à ditadura militar. Kuster combatia no parlamento, como deputado, e nós na imprensa alternativa com o Jornal Afinal.
Sempre que nos encontramos, entramos no túnel do tempo e ajustamos os ponteiro para 1980. O tio Kuster é muito bom de histórias e tem uma memória fantástica.
Ao lado dos deputados Iraí Zilio e Edson Andrino, era o mais combativo parlamentar do MDB na oposição ao regime militar. Conectado com os acontecimentos nacionais, denunciava os abusos e a violência do Estado autoritário.
Os três parlamentares apoiaram, incondicionalmente, o Jornal Afinal. Financeiramente, com meios e na defesa ferrenha da liberdade de imprensa na tribuna da Assembleia Legislativa.
O taxista que derrubou Cesar Cals
Sempre existiu a estória do taxista que deu um tapa no ministro Cesar Cals, naquela manhã quente de 30 de novembro de 1979. A data passou para a história do país como A Novembrada.
Nunca conseguimos identificar o personagem que, por muito tempo, ficou no limbo das lendas que os conflitos históricos geram.
O "taxista" teria sido a chispa que detonou o tumulto no Senadinho (Ponto Chic), onde o general Figueiredo tomava um cafézinho "no meio do povo". realizando uma ação de marketing para popularizar o "João do Povo", criada pelo seu marketeiro, Said Farhat.
Pois hoje o amigo Francisco Kuster me contou que conheceu o tal taxista que, ao desferir um tapão na orelha do Ministro das Minas e Energia, Cesar Cals, vingou toda a categoria dizendo:
- Esse é pelo aumento da gasolina!
O "tio" Kuster disse que um dia após o tumulto da Novembrada, foi procurado em casa por um grupo de estudantes pedindo ajuda para dar fuga a uma pessoa.
- Era o taxista do Cesar Cals. Um baixinho atarracado que trabalhava na Praça XV, disse.
Imediatamente contatou seu motorista e ordenou que levasse uma pessoa até Porto Alegre. O carro, era um Opala preto oficial que servia o líder da oposição, o deputado Francisco Kuster, do MDB.
O baixinho atarracado que, àquelas alturas, tinha se transformado em "herói" dos estudantes, embarcou no opalão e rumou para Portinho, onde se esconderia na casa de parentes.
Dias depois, Kuster encontrou o herói trabalhando na Praça XV, como se nada tivesse acontecido. Nunca foi identificado.
A retratação
Lembrou ainda do dia que foi "a palácio", com Nelson Wedekin e Osmar Cunha, pedir ao governador Jorge Bornhausen - indicado pelos militares - que retirasse o processo na Lei de Segurança Nacional contra os editores do Jornal Afinal. Havíamos publicado uma lista com 245 nomes de autoridades brasileiras que tinham contas secretas na Suíça.
- Saímos contentes da audiência, lembra Kuster.
O grupo nos encontrou na Praça XV, na frente do Palácio e comunicou que o encontro havia sido um sucesso. Bornhausen retiraria as acusações se nós nos retratássemos.
Nelsinho, Jura e eu, pensamos e..."aceitamos" a proposta. O grupo de desfez, e logo enseguida nos retratamos: ao estilo Afinal!
A foto mostra os três editores do Afinal (
Jurandir Camargo, Nelson Rolim e Sérgio Canga Rubim) se retratando em
frente ao palácio. Uma exigência do governador. Claro que não era este
tipo de retratação que ele queria. Mas foi o que pudemos fazer.
Boas lembranças!
O tio Kuster, hoje, tem um programa na
Radio Clube de Lages.
Direitos Iguais: domingo, às 9 horas da manhã.
Comentário:
Canga,
Parabéns !!!
A inteligência ainda é o melhor remédio.
Att,
L. Bayerisch Markosnine.
Perestroika !!!
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