quarta-feira, 23 de março de 2016

MOUREJADORES DA CRISE


Por Eduardo Guerini
 
  No cálculo preciso da quantidade de votos cooptáveis no Congresso
Nacional, com o claro objetivo de impedir e obstruir a vontade geral dos brasileiros.

    As notícias cotidianas da crise política do Governo Dilma, fruto de uma inépcia gerencial jamais vista na história republicana, resultante da falta de articulação política na base de sustentação situacionista, que contempla um miríade de partidos políticos, são inequívoco processo da falta de credibilidade e confiança no “canto da sereia” de uma gestão corrompida e degenerada, aquilo que foi intitulado de “esquizoparlamentarismo cleptocrático de base carismático-midiática”, como bem intitulou Marcus Fabiano em seu artigo “Luz de Lamparina na Noite dos Desgraçados” (2016).  É nesse vácuo de confiança que Lula se transformou em avalista da continuada fórmula corrompida do “presidencialismo de coalização”, garantindo negociatas que se desenrolam em circuitos nada republicanas e rumorosas transações de espectro ideológico que vai da esquerda, passa pelo centro, acabando na direita.

   O lulopetismo e o Partido dos Trabalhadores que ocupa o Governo Federal sustentado pela eleição de 2014, ainda que, sob o manto da trucagem marqueteira, produzindo o maior “estelionato eleitoral” desde a transição democrática, não apresenta condições representativas para liderar o enfrentamento da crise política e econômica. As razões de esgarçamento da base legitima da representação do petismo foi corroída pela falta de ética – com crimes comprovados desde o Mensalão, potencializados no Petrolão. As sucessivas fases da Operação Lava Jato imputar a insígnia da corrupção no Partido dos Trabalhadores e na sua principal liderança política, o ex- presidente Lula. O padrão de relacionamento leniente com o poder econômico, com uso de recursos públicos para conservação do poder, retroalimentado nos grandes dispêndios das obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, demonstram a traição ao projeto de transformação e emancipação propostos nos primeiros anos do primeiro mandato de Lula, e, consequentemente, nos mandatos de Dilma Rousseff, via usurpação de direitos dos trabalhadores.

   O agravamento da crise política, condensado pela “crise de confiança” aprofundou os níveis recessivos, seja, pela falta de investimento público – decorrentes da crise fiscal do Estado brasileiro, ou, pela ausência de investimentos privados, resultantes da paralisia das grandes obras, em virtude da Operação Lava Jato, envolvendo as grandes empreiteiras e a Petrobrás. Tal processo é alavancado pela perda de grau de investimento do Brasil, aumento da seletividade nos empréstimos dos Bancos Públicos e Privados, imposição de uma política monetarista – com elevadas taxas de juros, insolvência de empresas que estavam coligadas na execução das obras do PAC, Copa 2014 e Olimpíadas de 2016.

   O resultado drástico da paralisia gerencial, da incapacidade de articulação política, do desmantelamento da coligação dos partidos majoritários na base governista – PT e PMDB, não poderia ser outro, senão, desalento, desesperança e pessimismo generalizado dos agentes econômicos frente ao Governo Dilma, com ou sem a salvaguarda do ex-Presidente Lula.

   No governo visceralmente comprometido com a corrupção e os seus opositores que desde sempre estiveram, não devemos temer os caminhos de alternância do poder, com possibilidades desalentadores – impeachment ou renúncia. Diante do cenário, permeado por elevada corrupção e trucagens de marketing, sejamos os mourejadores da crise para criar um novo “espírito público”, fazendo germinar novos gestores e representantes para as futuras gerações.

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