Lula e Cristina frente à eternidade andina.
Milhões de anos no caos deixaram a estabilidade como herança nos Andes, apesar das tempestades que estão sempre assolando essas montanhas aqui por Mendoza, província da Argentina, onde me encontro neste momento. Já na política, nós latino-americanos somos vítimas de velhas artimanhas e trapaças sem fim.
A invicta, gloriosa e democrática Universidade Federal de Santa Catarina anuncia um interessante seminário: "Jornadas Bolivarianas", e a propaganda do seminário diz que é "um novo jeito de discutir a América Latina". Novo? Pelo que me lembro, o bolivarianismo entrou na UFSC pela porta dos professores marxistas do departamento de economia, lá por 2004, nos primeiros anos Lula. Naquele tempo, o atual defunto Coronel Chavez bombava no sub continente e espalhava sua pregação neo socialista, substituindo a de Leonel Brizola e a sua opção "morena".
Passadas menos de duas décadas da pedra fundacional do novo mundo socialista, a Venezuela conseguiu falir sua companhia de petróleo, queimar milhões de postos de trabalho, deixar desabastecido o mercado de bens básicos de sobrevivência, além de prender metade da oposição política, pelo simples motivo de serem contra o regime. O coronel Chavez trocou os juízes da suprema corte e fez outra constituição, na busca de um país a seu gosto. Mas morreu cedo, sem deixar muitas esperanças para os sempre sofridos e pobres venezuelanos. Em compensação, deixou em seu lugar um novo caudilho, o bigodudo ex caminhoneiro Maduro, que diz receber diariamente a visita de um passarinho, que em nome do coronel Chavez vem lhe contar as novidades do mundo astral e conceder o privilégio de repassar conselhos pessoais, principalmente quanto ao melhor modo de construir a "revolução bolivariana". Se falta papel higiênico nos super mercados, a culpa é da burguesia orientada a partir de Washington, com o propósito específico de fazer a contra revolução. Outra herança "bendita" deixada por Chaves, são as milícias revolucionárias, militantes de alta performance selecionados à dedo nas fileiras sindicais, estudantis e do assim chamado movimento popular. Essas pessoas ocupam cargos de confiança na estrutura do estado, afim de garantir o alinhamento ideológico e programático das ações governamentais com o ideário da revolução.
Lembra alguma semelhança com o PT de Lula e Dilma no governo brasileiro?
Senão, vejamos. Uma ala neo trotskista do PT, sem paciência nem disposição para fundar o próprio partido, como fez o PSTU, ou com interesse em preservar as boquinhas (o que é mais provável), repercute uma nota de seus chefes em Paris, dando conta de que a comissão executiva da Quarta Internacional, uma organização do comunismo Trotskista, que considera o impedimento de Dilma como um golpe contra os trabalhadores brasileiros. Como se eles soubessem o que são trabalhadores ou o que são "brasileiros". Na outra ponta comunista, que se odeiam mutuamente, o comitê central do Stalinista PCdoB, sócios do PT na pilhagem do estado brasileiro, solta outra nota, agora em apoio ao ditador da Coreia do Norte, contra a ameaça "imperialista" norte americana, que está supostamente instalando armas nucleares na vizinha Coreia do Sul.
Na área doméstica, o "movimento popular" leva com dinheiro público centenas de milhares de militantes a Brasília, incluindo curiosos cidadãos bolivianos, que, além de "bolivarianos", tiveram o azar de ter como presidente o corrupto Evo Morales. Lula se instala de mala e cuia em três suítes de um hotel 5 estrelas em Brasília, de onde articula a compra de apoio à Dilma, contra o impedimento. O governo amplia indefinidamente o déficit público, rodando edições sem fim do Diário Oficial, com liberações de verbas e nomeações de apaniguados dos deputados federais que se venderam.
Alguma semelhança com os bolivarianos de Cristina Kirchner na Argentina?! Cristina e seus sócios no governo da Argentina fizeram tudo isso e muito mais. Mesmo assim, perderam a eleição há poucos meses. 80% a 20% dos votos válidos em Buenos Aires. Nos dias atuais, os militantes pelegos do ex governo de Cristina, tentam criar todo tipo de problema e constrangimento para o novo governo de Maurício Macri. Não é preciso ser profeta para adivinhar o que vai acontecer com qualquer governo que venha a substituir os bolivarianos no Brasil. Vamos comer o pão que o diabo amassou, mas é o único jeito de nos livrarmos desta praga que nos explora há 13 anos.
Quanto a matriz Venezuelana, infelizmente é um caso à parte, bem mais grave e sangrento.
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