O
senador da República, Dário Berger (PMDB-SC), ex-prefeito de
Florianópolis, acaba de ser condenado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) a
devolver mais de R$ 4 milhões, por um show de Natal que não aconteceu e ficou conhecido como Afair Bocelli.
Mentores: Dario Berger (condenado), Cavallazzi (preso) e Luiz Henrique (morto) |
O afair Bocelli foi um golpe planejado por um grupo de políticos catarinenses e tem como ingredientes o desaparecimento de somas milionárias de dinheiro público, histórias mal contadas, e repercussão internacional. Foi trazido à público em 28 de agosto de 2009. Nesta data, o Diário Oficial de Florianópolis publicou a dispensa de licitação para contratação da empresa Beyondpar (RJ), por R$ 3 milhões, para produzir o show do tenor italiano, Andrea Bocelli. Bocelli se apresentaria no denominado NATAL DOS SONHOS, a grande festa de final de ano patrocinada pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal.
A idéia do mega-evento surge no segundo mandato do governador Luiz Henrique da Silveira, em pleno surto de megalomania, onde tudo que planejava para SC, e propagandeava na mídia, era sempre o maior e o melhor. Tudo de "primeiro mundo" e "intercontinental", como costumavam alardear seus acólitos da República de Joinville.
A gênese
Tudo começou numa bela tarde de outono, no requintado gabinete do governador Luiz Henrique da Silveira. Segundo transcrição no voto da relatora do processo (TCE-06/00654848), Sabrina Nunes Locken, estavam no gabinete de LHS, Dário Berger, Gilmar Knaesel, Walter Galina, Mário Cavallazzi, dois representantes da empresa carioca Beyondcomm e Cleverson Siewert, secretário da Fazenda do Estado.
Ali, em clima festivo, se discutia a magnitude da moderna árvore de Natal de leds, que seria plantada na Av. Beira Mar Norte, para adornar o que Luiz Henrique batizou de o Natal dos Sonhos!
Embriagado com tanta modernidade e beleza, Luiz Henrique, em um lampejo de lucidez, comenta: "a árvore ficaria de fato maravilhosa, ainda mais, se o maestro Andrea Bocelli pudesse cantar ao pé da monumental árvore" (sic). A idéia foi recebida com entusiasmo por todos os integrantes da fatídica reunião.
Luiz Henrique, poderoso, imediatamente dispara um telefonema internacional para a Sra. Milena Perini, amiga de Andrea Bocelli e pessoa de sua relação social em Joinville, ora morando na Europa.
Dona Mileni fez a ponte e colocou o maestro italiano em contato pessoal com o governador. Segundo relatos de participantes do convescote, Luiz Henrique, naquele momento, elevou o ego às nuvens numa pirotecnia exibicionista em frente aos embasbacados mortais municipais.
Andre Bocelli sucumbiu frente ao maravilhoso relato da bela árvore que adornaria seu grande show, e disse a LHS: "se a árvore é tão grandiosa e bonita assim, vou fazer o show". (Tadinho!)
Pronto, estava criado o ambiente que redundaria no retumbante fracasso. O Natal, que seria dos Sonhos, virou o Natal do Pesadelo.
Luiz Henrique conseguiu vender idéia do mega-show para o prefeito Dário Berger que engoliu a bolinha de polenta com anzol e tudo. Havia a promessa de que o estado repassaria, ao município, os recursos necessários
para o evento.
Sem tempo a perder, imediatamente à proposta de Luiz Henrique, o secretário de Turismo do Município, Mário Cavallazzi, encaminha ofício ao secretário estadual de Turismo, Gilmar Knaesel, dia 31 de agosto de 2009, informando o cronograma de desembolso, previamente acertado entre Luiz Henrique da Silveira e a empresa Beyondpar, do Rio de Janeiro.
Este documento é a primeira prova da série de ilegalidade que serão cometidas daqui em diante. Em primeiro lugar o dinheiro foi pedido com cronograma ¨acertado¨ entre LHS e os cariocas, sem nem um arremedo de projeto elaborado. Diante do papel de padaria pedindo os R$ 3 milhões, Luiz Henrique informa que para a liberação do "tutu", deveria ter uma contra partida social.
Como o leitor pode ver, a compensação social oferecida por Mário Cavallazzi, e aceita por Luiz Henrique, se não é um deboche, é uma peça de alto valor científico. Ficou conhecida com a Contrapartida Social do Crioulo Doido!
Mário Cavallazzi que não é homem de se apertar por pouca coisa, no mesmo dia (31/8) elabora essa pérola abaixo:
"Pela
primeira vez na história, as festividades de fim de ano vão se integrar
ao esforço mundial de redução de emissão de gases poluentes que
contribuem para o efeito estufa no planeta. O município vai levantar o
volume de poluição ambiental gerada pelo espetáculo para compensar a
liberação de gás carbônico com o plantio de árvores em áreas
degradadas".
No dia 3 de setembro o prefeito Dário Berger dá andamento ao plano na área financeira. Tinham pressa. Solicita o Banco do Brasil a abertura de uma conta corrente específica que irá receber e movimentar os milhões que viriam dos cofres do Estado.
No ofício encaminhado ao BB, Dário Berger imprime suas digitais como participante do esquema. Informa que a conta será movimentada conjuntamente entre ele e o Secretário de Finanças e Planejamento do Município, Augusto Cézar Hinckel.
O repasse
A execução do plano corria a contento. Cada integrante do grupo fazia a sua parte. Pedido feito, conta aberta, só faltava o repasse do dinheiro combinado com o governador Luiz Henrique da Silveira.
Em 21 de setembro de 2009, o governador Luiz Henrique dá o "de acordo", autorizando o pagamento de R$ 3 milhões para execução do Natal do Sonhos, por ele planejado e batizado.
O documento assinado por Luiz Henrique é totalmente ilegal. O governador não cumpriu o Art. 38 do Decreto 1.291, assinado por ele mesmo, que regulamenta a concessão de financiamento de projetos.
Imediatamente pós a autorização do governador LHS, em 24 de setembro, é assinado o contrato de apoio fianceiro, nº 12.513/2009-0, entre o Estado de SC e o município de Florianópolis para execução do Show Internacional Maestro Andrea Bocelli no valor de R$ 3 milhões.
Passo seguinte, o prefeito Dário Berger, via Secretaria Municipal de Turismo, firma o contrato com a empresa carioca Beyondpar para a realização do Natal dos Sonhos. O plano se desenvolvia a contento. Tudo azeitado e dentro dos "providenciamentos". Agora estava na hora de "repassar" os R$ 2,5milhões.
O primeiro pagamento (R$ 200 mil), já foi feito ilegalmente, a título de antecipação, em 29 de setembro de 2009. O segundo pagamento (R$ 800 mil) em 29 de outubro e o terceiro (R$ 1,5 mil) em 19 de novembro.
Tudo isso foi feito atraves de ordens bancárias, assinadas por Dário Elias Berger e Augusto Cesar Hinkel. Dário chancelava com essas assinaturas a sua participação efetiva no negócio.
Agora chegava a hora de anunciar publicamente, para os contribuintes que entravam com a grana, o maior evento da história da capital catarinense.
Em seu site oficial, o governador manda publicar matéria anunciando o show para um milhão de pessoa na capital.
¨É
um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai
certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para
trazer mais e mais turistas do mundo todo¨. (Luiz Henrique)
“Andrea Bocelli fará show gratuito para um milhão de pessoas
em dezembro na Capital Florianópolis (1/10/2009) - Com o apoio do Governo do Estado, através de recursos dos fundos estaduais de Cultura e Turismo, a Prefeitura de Florianópolis realizará no dia 28 de dezembro, na Avenida Beira-mar Norte, um show do tenor italiano Andrea Bocelli. O cantor terá acompanhamento de um coral de 60 vozes e orquestra sinfônica formada por músicos de Santa Catarina.
O show será gratuito à população e a expectativa dos organizadores é reunir em torno de um milhão de pessoas para a apresentação única do cantor. A confirmação da vinda de Andrea Bocelli foi feita na tarde desta quinta-feira (1º/10) pelo governador Luiz Henrique em companhia de diversas autoridades. “Neste ano, o Natal Luz de Florianópolis terá uma luz mais reluzente”, anunciou o governador. (do site oficial da Secretaria de Estado de Comunicação)
Estoura o escândalo
A cidade que dormia embalada pelos sonhos megalômanos de Luiz Henrique e Dário Berger, acorda no dia 28 de dezembro envolvida numa grande polêmica. A notícia do cancelamento do mega-show de Andrea Bocelli, na Av. Beiramar, entristeceu a cidade e deixou no ar uma sensação de enganação.
Estava
estabelecido mais um escândalo entre tantos outros que marcaram as
administrações estadual e municipal do PMDB. A suspeita contratação, os
valores milionários envolvidos, a total falta de garantias e os
pagamentos antecipados ensejaram Ações Populares e Civil Pública, na
justiça e no Tribunal de Contas do Estado. Todas estas ações resultaram na indisponibilidade dos bens de Dário Berger, Mário
Cavallazzi e outros integrantes do grupo.
A mentira de Gean
Apesar de todas estas evidências do crime, o então prefeito em exercício, Gean Loureiro, expede uma declaração afirmando que os R$ 2,5 milhões do Funturismo foram aplicados no Projeto Show Internacional Maestro Andrea Bocelli.
A mentira de Gean
Apesar de todas estas evidências do crime, o então prefeito em exercício, Gean Loureiro, expede uma declaração afirmando que os R$ 2,5 milhões do Funturismo foram aplicados no Projeto Show Internacional Maestro Andrea Bocelli.
Dário entrega os parceiros
Percebendo o tamanho da encrenca em que havia se metido, o prefeito Dário Berger, sem constrangimento algum, começa um processo de delação contra os parceiros de crime. Protocola na justiça uma Ação Ordinária de Reparação de Dano, causada por ato ilícito, cumulada com pedido de tutela antecipada de insdisponibilidade de bens, contra os co-partícipes: A Empresa Beyondpar, Mário Cavallazzi e outros.
Nesta peça jurídica, Dário reconhece que houve crime, mas tira o seu da reta e coloca no dos parceiros.
Percebendo o tamanho da encrenca em que havia se metido, o prefeito Dário Berger, sem constrangimento algum, começa um processo de delação contra os parceiros de crime. Protocola na justiça uma Ação Ordinária de Reparação de Dano, causada por ato ilícito, cumulada com pedido de tutela antecipada de insdisponibilidade de bens, contra os co-partícipes: A Empresa Beyondpar, Mário Cavallazzi e outros.
Nesta peça jurídica, Dário reconhece que houve crime, mas tira o seu da reta e coloca no dos parceiros.
O que restou à população de Florianópolis foi a pergunta:
ONDE ESTÁ O DINHEIRO DÁRIO BERGER???!!!
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