Pizzolatti, o cardeal das sombras do Partido Progressista
Enquadrado na Lei da Ficha Limpa, político é investigado no STF mesmo sem o mandato por suspeita de cobrar propinas de empreiteiras em esquema de corrupção na Petrobras
por José Casado
Deputado João Pizzolatti (PP-SC) - Divulgação/Câmara dos Deputados/12-06-2013 |
RIO - Catarinense nascido em Blumenau há 53 anos, calvo, olhos claros, cabelos de cor incerta por causa dos fios que começam tingidos e terminam brancos junto às orelhas. A Assembleia Legislativa de Roraima passou quase dois meses tentando localizá-lo.
Motivo: nomeado secretário de Estado no pré-Carnaval, com um salário de R$ 23 mil mensais, só havia sido visto por duas vezes na capital Boa Vista. Acabou intimado pela Comissão Parlamentar de Administração.
Ele apareceu em Roraima, há duas semanas. Tentou explicar o que fazia e o alto salário de secretário estadual. Aparentemente não convenceu. “É um lobista” — ironizou o presidente da comissão, Jorge Everton (PMDB), acrescentando: “E ‘franciscano’, porque, mesmo tendo direito a receber o salário de servidor efetivo do estado de Santa Catarina, mais o subsídio de secretário em Roraima, disse que abre mão de receber tais valores e que, morando em Brasília, nem requisita passagem aérea e diária.”
O altruísta é João Alberto Pizzolatti Júnior, é secretário extraordinário de Articulação Institucional e Promoção de Investimentos de Roraima.
É, também, um dos personagens centrais do inquérito sobre a organização política da corrupção na Petrobras. Está sob investigação no Supremo Tribunal Federal por suspeita de integrar o grupo do Partido Progressista que cobrava propinas de empreiteiras em troca de contratos na companhia estatal de petróleo.
Ex-fiscal da Fazenda catarinense, Pizzolatti durante quase duas décadas fez carreira como expoente do baixo clero no PP e chegou a liderar a bancada na Câmara.
Preparava-se para nova eleição, no ano passado, quando foi considerado inelegível pela Justiça Eleitoral por múltiplas delinquências previstas na Lei da Ficha Limpa.
Reconhecido cardeal das sombras do PP na Câmara desde a morte em 2010 do deputado José Janene (o líder do partido que acertou com o então presidente Lula a nomeação de Paulo Roberto Costa para a diretoria da Petrobras), Pizzolatti passou a manobrar nos bastidores na tentativa de escapar do tribunal federal em Curitiba. Procurava um abrigo com garantia de foro judicial privilegiado.
Em fevereiro, pouco antes do Carnaval, encontrou um refúgio na folha do funcionalismo de Roraima. O estado é governado pelo casal nepotista Suely-Neudo Campos, do Partido Progressista, e por seus 19 familiares recém-designados para secretarias estaduais (dos filhos aos maridos das primas, a parentela embolsa R$ 390 mil por mês, com salário médio familiar de R$ 20,5 mil).
PROPINA DE R$ 5,5 MILHÕES
O nome de Pizzolatti foi estampado no Diário Oficial, designado no cargo de secretário extraordinário. E na manhã seguinte, 10 de fevereiro, Pizzolatti enviou uma carta ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável por uma parte do inquérito sobre a corrupção na Petrobras.
Leia matéria completa em O Globo. Beba na fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário