por Marcos Bayer
Se o latim estiver
correto, estou falando de um Monstro Cibernético Mundial.
Monstro pela forma,
cibernético pela tecnologia e mundial pelo tamanho.
Falam de uma intensa
e rápida mudança nos hábitos de comunicação e trabalho da humanidade. Falam da
aplicação da cibernética em todos os níveis de produção. Desde o controle do
plantio das sementes de soja até o acompanhamento da cotação das ações nas
bolsas de valores.
Falam das redes
sociais, dos blogs, dos jornais eletrônicos e das amizades virtuais. A
tecnologia ocupa espaços que eram nossos, dos humanos.
Algumas profissões
desaparecem ou pelo menos diminuem. Quando vejo um carteiro uniformizado
pergunto-me o que ele entregará em mais alguns anos?
As relações humanas são
mais rápidas e, presumo, mais estéreis. Ou pelo menos mais superficiais.
Estatísticas mostram
que aumentam de doenças neurológicas, entre elas a ansiedade e a depressão. Aumentam as taxas de suicídio entre os jovens. O mundo está mais competitivo. O
mercado está presente em toda a programação das televisões, entre os segmentos
de qualquer programa, na Internet, nos e-mails e nas redes sociais. Nas
revistas impressas e nos jornais que ainda circulam sob a forma física, também.
As pessoas
alimentam-se mais rápido e já não conversam à mesa, pois suas pequenas máquinas
de comunicação não permitem interação humana. As digitais têm a preferência.
Todos querem mostrar quase tudo. Ninguém explica mais nada.
Até os professores,
nossos melhores interlocutores, estão falando cada vez mais à distância.
Estamos, todos,
submetidos ao sistema. Não sei qual é o sistema, mas é um sistema que quando
“cai”, paralisa quase todas as nossas atividades.
Não sei para qual
mundo estamos caminhando. Não tenho nem ideia, para ser sincero.
Criamos um mundo
virtual porque não conseguimos resolver as questões do mundo material. Entre
elas a fome, o emprego, a saúde, a educação e a segurança.
Festejamos o UBER
que é a maior frota de táxi sem que nenhum veículo pertença ao dono da ideia criadora.
Da mesma forma com a
hospedagem pelo sistema Airbnb. Um hotel com filiais
espalhadas pelo planeta.
A política perde
espaço para as corporações nacionais ou transnacionais. Os governos são geridos
por elas. Vejam o que acontece hoje no Brasil.
No mundo corporativo
não existem pessoas, apenas números e consumidores.
Todas as empresas
querem clientes e por isto inventam necessidades para produzirem, venderem e
sobreviverem. O mundo globalizado é um mercado insone.
Somos mais felizes?
Temos mais amigos? Com quem interagimos?
Máquinas já interagem
com máquinas. Códigos e senhas orientam nossas vidas.
Para onde caminhamos?
Para uma nova ordem
mundial baseada na artificialidade?
Se nós vivemos no
mundo físico – químico – biológico, e vivemos, não é nele que temos que
interagir?
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