por Emanuel Medeiros Vieira
(ouvindo - e escutando sempre - "Hallelujah", de Leonardo Cohen)
PARA AS CRIANÇAS DA
SÍRIA
“NENHUM HOMEM É UMA
ILHA ISOLADA (...)
E POR ISSO NÃO
PERGUNTES POR QUEM OS
SINOS DOBRAM: ELES
DOBRAM POR TI”
(JOHN DONNE
(1572–1631).
É a lógica da guerra, é a essência do poder: é justo matar
os inimigos. É injusto matar os nossos.
É claro: não há mais tempo para ingenuidades. A estrutura
que domina o mundo é poder, dinheiro, tráfico de armas etc.
E com a ascensão de grupos fundamentalistas, da
extrema-direita, do terrorismo em todo mundo, essa perversa lógica
mercadológica vai prevalecer.
Como continuar? Escuto
novamente “Aleluia”, e mais Mozart e Bach. Apenas palavras. Eu se:
somente palavras. Mas é o que me resta.
A barbárie e a crueldade extrema que são o uso de armas
químicas não são fatos novos na história do mundo.
Eu sei, é a institucionalização da barbárie.
A ONU é um fantoche dos interesses imperialistas – de que
lado for.
Na Guerra da Síria – seis anos de existência, quase 500 mil
mortos, milhões de refugiados – não há santos.
Bashar El-Assad mata seu próprio povo com armas químicas. E
os rebeldes também a usam. Santos? Que santos?
Uma pausa – havia dito que o uso de tais armas não é novo na
História.
Historiadores relatam que há mais de dois mil anos, os
gregos (pais da democracia moderna...) lançavam flechas envenenadas sobre os
inimigos.
Em larga escola foram usadas na Primeira Guerra Mundial,
quando o mundo “tomou conhecimento dos efeitos devastadores do gás mostarda”.
Mais de 100 mil pessoas morreram – segundo estatísticas –
vítimas de armas químicas no conflito.
Na Segunda Guerra, nos nazistas usaram o “zyklon B” e o gás
cianídrico
O governo americano subestima a nossa inteligência E O PODER
DA MEMÓRIA.
Talvez as novas gerações não saibam.
O que os americanos fizeram no Vietnã foi de uma
perversidade sem adjetivos, de uma crueldade que espanta mesmo as consciências
mais conservadoras. Usaram à vontade napalm, destruindo aldeias, matando civis
inocentes e destruindo o que podiam.
Algo horrendo para a consciência civilizada e democrática.
(E perderam a guerra. Autodeterminação dos povos não é um
conceito vazio.)
Por quem os sinos dobram?
Dobram pelos refugiados – que a extrema-direita mundial
coloca como o primeiro inimigo.
Só falta os fascistas proclamarem: “mate os seus vizinhos”.
Por quem os sinos
dobram? Dobram por todas as crianças do mundo, abandonadas, órfãs, perdidas nos
oceanos, ignoradas pelo mundo.
Os sinos dobram pelos humanistas.
O uso de armas químicas é proibido pela Convenção de Genebra
desde 1925. Mas qual nação liga para convenções?
Na guerra mais longa
do Século XXl, são muitos os interesses geopolíticos em jogo: envolve os interesses da Rússia, aliada da Síria desde a
existência da União Soviética. Mexe com
interesses do Irã, da Turquia, do Estado Islâmico, de grupos como Hezbollah (“O Partido de Deus”), e também de
Israel, do Reino Unido ( que nas Guerras do Golfo, com o “cachorrinho” dos
americanos chamado Tony Blair aderiu às
invasões do Iraque), da China e outros países e grupos. Sem falar no grande
Império: Estados Unidos.
Invasão feita, mesmo que nunca se comprovasse que Saddam
Hussein, no Iraque, tivesse armas químicas ou fosse aliado da Al Qaeda.
ALGUÉM DISSE DEPOIS
DA FAMÍLIA BUSH, COM ALIADOS, TER INVADIDO O IRAQUE: “ELES ABIRAM AS PORTAS DO
INFERNO”.
Nunca mais foram fechadas. E os demônios estão todos à
solta. No Afeganistão, Iraque, Líbano, em todo o Oriente Médio e em
outras nações.
O grande escritor Ernest Hem Hemingway (1899-1961), no seu
belíssimo e denso romance “Por quem os Sinos Dobram”, usou os veros de John
Donne como título de sua obra.
OS SINOS DOBRAM POR
TODOS NÓS!
(Salvador, abril de 2017)
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