Kim Kardashian. Inspiração? |
Triste saber que expressões tão discriminatórias
tenham ilustrado a coluna mais lida do estado num ato de mais profunda
exacerbação da vaidade humana. "Golpe do baú"; "nasci em berço de
ouro"; "meia mostrenga" "morava numa mansão de 5 mil metros quadrados
que foi sede da casa cor"; "luxo na praia de Ipanema"; estudei nos
melhores colégios"..."irmãos ricos". E, por aí vai.
Não,
não são expressões do reality show protagonizado por Kim Kardashian -
menos ainda, postagem recente da rica (rica mesmo) blogueira Lalá
Rudge; é simplesmente a retórica da atual primeira dama de
Florianópolis.
Os
bonecos de luxo, ainda desdenham o brinquedo de 8 milhões de reais que
compõe o novo arranjo familiar nos últimos 120 dias. Velhos ricos de
novos hábitos?
O
que esperar dos senhores estudiosos nos melhores colégios a utilizar
expressões tão infelizes quanto gramaticalmente incorretas? Será que
tamanha riqueza animosamente ressaltada nos coloca à mercê do crivo de
vossas altezas como se fôssemos idiotas iletrados, sem eira, sem beira, e
sem pai?
O que pensa parte da população nascida em "berço de latão"? Que
estudou em escola pública? Que não tem irmãos que estudam no
exterior? Que precisam trabalhar, se qualificar (graduação e pós,
mestrado, doutorado...) por desconhecerem culturalmente a prática do
golpe do baú?
Um grito de bravo aos pais que em simplicidade ensinam aos filhos diferenciar preço de valor.
Enquanto
isso, assiste-se a nobreza insigne dramatizar uma adaptação ao romance
de Anton Tcheckhov: A dama (e o plebeu) do(s) (pobres) cachorrinho(s).
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