segunda-feira, 29 de junho de 2015

Era...(narrativa da esperança)

Por Emanuel Medeiros Vieira

(Ouvindo "Jesus, Alegria dos Homens", 
de Johann Sebastian Bach).
Para Clarice e para Lucas - e para as crianças do Brasil.
Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar. Apesar de todas as consequências”.
                                       (Osho – 1931–1990)
Era tudo ao contrário.
Seria tudo melhor?
O Sagrado estava no mundo,
e andávamos todos sem medo.
Não, não há bichos pré-históricos,

Nem história há.
Mas não havia matanças, obuses, morteiros pernas arrebentadas, a cobiça maior, tantas guerras- – o poder é tudo.
(Eu sei: sempre houve. Mas preciso “mentir” para ser “sincero” no que escrevo.)
Reservo-me ao direito de por hoje – só por hoje – ser ingênuo.
E de repactuar-me comigo mesmo, com os outros, com o cosmos.
(Tudo anda tudo tão melancolicamente grave e desgraçado. Mas abraçamos a vida – intensamente.)

Eu sei: vivemos numa época de absoluta regressão ética.
O mundo era outro, havia risos – era tudo sonho.
“Saudosista – dizes que tudo era melhor porque já passou”, adverte-me um promotor interno.

Hoje não, por favor: nada de  narrativas estilhaçadas – quando todo mundo morre no final.
Um piquenique, campinhos de futebol, praias limpas, morros onde podíamos andar à noite,
E o melhor de tudo: não tínhamos medo.
Ou não? Não sei. Sim: tínhamos outros medos.

Termino com Carl Gustav Jung (1875–1961): O sentido torna suportável uma grande parte das coisas – talvez tudo. Ele nos conecta com a realidade, inunda as trevas com luz e nos faz atravessar o sofrimento.”

(Salvador, junho de 2015)

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