O Tempo – sempre
pó, sombras, finitude, meu breviário, bíblia da jornada – inelutável calendário,
mar azul ao fundo, menino, velho, defunto.
o Tempo e seus presságios
meu fio-terra particular (subjetividade dilacerada) – e rosto no espelho (todos os dias)
bússola desgovernada, errático astrolábio
a vida escorre – sempre celebrada
(Mesmo que a morte tenha mais tempo)
Novamente, lembrei-me de Borges (...) : “Também a mim a vida deu tudo. A todos a vida dá tudo, mas a maioria ignora isso. (...) (“Undr”)
Breviário, epístola, palavra, revelação, mãe, imortalidade – e o tempo e o mar
(Quem sabe, Deus)
A Eternidade é um dia – A Eternidade e um dia
E só essa vida. Só essa. Nunca mais.
Comentário de Eduardo Aydos:
Belíssima e profunda oração meu caro amigo. Partilho tua celebração e quem sabe mesmo as tuas dúvidas. Apenas um argumento a contrapor. Nunca é palavra dependente, sempre, do seu contrário. A vida escorre no seu leito de cinzas onde a Fênix constrói o seu ninho. Ainda lhe somos estranhos. A lei do eterno retorno, ainda nos assombra. "Eternidade é um dia", muito correto. Mas o dia chama a noite, parceira irrecusável do seu leito nupcial. Mysterium coniunctionis diria o mestre Jung... que talvez tenha chegado mais perto, na modernidade, dessa compreensão profunda. Não há cópula sem geração. Não há geração sem vida... e o Espírito paira sobre a inconstância do tempo. O certo, amigo, é que noutro dia veremos... melhor dito, saberemos. Grande abraço do Aydos.
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