“[Os economistas da nova geração] mantêm-se na retaguarda, assim como faz um general moderno, mas eles controlam forças maiores que antes. Eles exercem uma influência mais abrangente e mais poderosa sobre as ideias; e as ideias moldam cada vez mais os rumos do mundo” ALFRED MARSHAL (1897). [In: Giannetti, Eduardo. O livro das citações: um breviário de ideias replicantes, 2008]
No front político, a base aliada de sustentação continua cobrando uma fatura cada vez mais alta para manter a dita “governabilidade”, dando sequência as liberações de verbas para as emendas parlamentares, renúncias fiscais e incentivos de toda monta para empresários e ruralistas, incluindo os próprios parlamentares. É um festival de benefícios para camarilha que tomou conta do Estado brasileiro.
No front econômico, as profecias auto anunciadas de equipe econômica sempre são obscurecidas por alguma notícia que não coaduna com a desejosa ideia fixa da retomada do crescimento, com geração de emprego e renda para os milhões de desempregados e subempregados na cambaleante economia brasileira.
Os dados sobre a retomada em 2017 miram um pífio resultado não superior a 0,7% na expansão do PIB, com um saldo de desempregados maior do que empregados, ainda que, a flutuação do CAGED aponte para saldos positivos nos últimos meses. A expansão do crédito ainda é limitada, menor que o ano de 2016, com investimentos em queda, produção industrial oscilando nas maiores regiões do País e alguns setores paralisados por conta da maior recessão, devido à fragilidade dos investimentos – tanto no setor público como no setor privado, a contração é histórica.
O Ministro da Fazenda continua lançando mão da velha cantilena que impõe sacrifícios presentes para benefícios futuros. A profecia somente será concretizada se todas as reformas contra os trabalhadores forem aprovadas. A reforma trabalhista vendeu a promessa de milhares de emprego, por enquanto, o que se colhe é um desemprego superlativo e queda na massa salarial, assim como, nos salários de contratação. A reforma previdenciária que tenderia a ser a “pá de cal” no sistema de seguridade social será uma reforma “mais branda”, porém, tão perigosa para os trabalhadores quanto à reforma trabalhista. A velha mídia – alcoviteira de todos os poderosos, somada aos colunistas da quinta coluna governamental, admite sem nenhum dado empírico, que a Reforma Previdenciária permitirá a retomada dos investimentos e confiança no Brasil.
No front externo, o Fundo Monetário Nacional admite que o caso brasileiro, é de retomada lenta e gradual da economia. Mas lança como alternativa a Reforma Tributária, para ajustar a desestruturada e regressiva carga fiscal brasileira, que recai sobre aqueles que ganham menos. Porém, admitem os economistas do FMI, que o ajuste nas contas públicas é necessário para debelar o crescente déficit público. É um enredo do fatalismo monetarista com salvaguardas fiscalistas.
No momento de agravamento político, em virtude da segunda denúncia contra os lacaios e sicários do poder incumbente de plantão na republiqueta brasileira, a ampla coalizão conservadora com suas propostas inspiradas na vanguarda do atraso, o Governo Michel Temer continua lançando medidas impopulares, com retirada de direitos trabalhistas e sociais sem, contudo, ensejar um grito mínimo de resistência por parte dos trabalhadores.
As profecias vociferadas pela equipe econômica são desmascaradas a cada divulgação de indicadores estatísticos, demonstrando as falsas promessas que levariam o País a estabilidade política e promissora condição econômica no futuro, não passa de previsões de Cassandra do Mercado. Neste enredo do neoliberalismo periférico-caboclo dependente e associado aos ditames do sistema financeiro mundial, a ausência de um projeto de nação orientado para distribuição da riqueza, transformará o Brasil num país de párias sociais e gângsteres políticos e econômicos.
No julgamento de tantas denúncias da classe política brasileira, da elite que nos governa, sem propostas políticas alternativas ao enredo grotesco desta coalizão, tal como juiz do inferno de Dante, vivemos enrolados na cauda da crise, somos atormentados por furacões econômicos e lançados no turbilhão de nossos vícios cotidianos. Uma dúvida persiste para os indignados cidadãos, tal como La Boetié já apresentara no caso da servidão voluntária: Que nome se deve dar a esta desgraça?
Nenhum comentário:
Postar um comentário