quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A tenacidade política na Província Catarina

 por Eduardo Guerini

"Tenacidade, n. Uma certa qualidade que define a relação da mão humana com a moeda corrente. Atinge o seu grau mais elevado na mão da autoridade, sendo considerada um equipamento muito útil para uma carreira política.” (Ambrose Bierce. Dicionário do Diabo,2006)
  
A província catarina virginal foi sacudida por uma onda conservadora, produzindo estragos por todos os cantos do território barriga-verde, do sul ao norte, de leste para oeste, do planalto para planície. A política das oligarquias trincou, resultado dos conchavos e acordos entre caciques familiares para preservar seu direito consuetudinário – garantir eternamente o controle do poder político do Estado. A herança e seus herdeiros estavam acostumados a transição tranquila, de pai para filho, de bastardo para afilhados, de filho para neto, tudo era tradicional na pacata província.

   O processo eleitoral de 2018 deixará marcas distintas para a velha e boa aliança de interesses que navegou em águas tranquilas nos últimos 15 anos. A costura política de Luiz XV, uniu lideranças que eram tratadas como água e óleo, na famosa tríplice aliança com seu projeto de descentralização do poder, perpetuando uma máquina reeleitoral que garantia a passagem de bastão de um governo à outro, sem nenhum sobressalto nos arranjos elementares das lideranças subalternas. 

   Porém, a morte chega para lideranças, as alianças e seus herdeiros entraram em disputa pelo espólio político, e, na esquina do Palais D`Agronomique, sorrateiramente, os oportunistas de ocasião trataram de conspirar contra a ordem. Um espinho no mundo colombino feriu a roca eleitoral da bela e santa província. O poder político provinciano é um néctar que atrai abelhas e zangões, o que era belo, perto do espelho se mostrou pavoroso, as velhas siglas PSD/PP/MDB/PSDB/DEM/PR tratavam o espólio como algo naturalmente garantido. Nada é eterno.

   A maré cheia trouxe ondas e vento sul, tudo foi destruído pelos interesses mesquinhos, a murada do Palais foi levada pelas turbulência, faltava recur$o$ para o reforço das pilastras, as velhas alianças varridas pelo desejo de vingança pelo sorrateiro vento da desilusão eleitoral. O mundo colombino ruiu, a aliança social liberal do bom mocismo serrano soterrada, a união dos contrários (MDB/PSDB) destelhou as casas de velhas lideranças, e, a defesa civil foi chamada com ascensão do filho bastardo da política catarinense – o Comandante Moisés (PSL). 

   Apavorados, os colunistas sociais e políticos não saberão o que fazer no café da tarde, suas fontes secarão, tratando de arranjar algum subterfúgio para garantir sua aposentadoria na província. A melhor forma é garantir a tenacidade política, permitindo sua perenidade nos folhetins tradicionais. Como ficará um governo inexperiente e de novatos? Saberão preservar o Palais D´Agronomique e suas eternas alianças familiares? O mordomo será o mesmo, aquele que serve todos os governantes em seu consumo conspícuo e ambição ostentatório. A alternativa para dar estabilidade na caserna legislativa, é usar do santo remédio para traidores e oportunistas, dirá o mandatário do MDB e adesistas de última hora do PSD, PSDB e PP: Vingança, Vingança!!!

   O povo grita à beira mar: Cortem as cabeças, Cortem as cabeças!!
   Os vingadores da velha ordem dirão: que não seja a minha!!  Apoiamos o novo afilhado!! Afinal, quem não tem padrinho, morre pagão!!

   Assim, a província Catarina virginal, reunida em torno dos comensais habituais na Praia Brava, entoa a velha conclusão: tudo é um eterno vir a ser!!

   Todos continuarão prestando continência às velhas lideranças, com o estimado préstimo do Comandante de Plantão e empréstimo da tropa de novatos na política da pacificada província catarinense.

   O mosqueteiro Garcia nunca abandona o seu Kaiser!!!




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