Marília Marasciul |
Entrevista concedida em 18 de outubro à estudante de jornalismo Marília Marasciulo do jornal-mural Trindade Times, atividade final da disciplina Edição do curso de Jornalismo da UFSC.
Gay Talese atende ao telefone. "Alô? Espere aí um minuto". Ele acaba de chegar a sua elegante townhouse no East Side de Manhattan, não teve tempo nem de ouvir suas mensagens. "Achei que nós tínhamos combinados de conversar amanhã, ao meio dia, já até arrumei a casa!", ele responde, surpreso, quando digo que estou ligando do Brasil. "Espere, você não é a Carol da Silva?". Quem dera. Ela vai conversar pessoalmente com um dos melhores repórteres e escritores dos últimos 50 anos (esse é seu tempo de carreira), autor de livros como A mulher do próximo, Honra teu pai e grandes perfis como o de Frank Sinatra, que escreveu sem entrevistar o cantor. Hoje, às vezes ele escreve para a revista The New Yorker – "estou escrevendo sobre grandes negócios no mundo dos esportes" -, mas seu grande projeto é o livro sobre seu casamento de 50 anos com a editora Nan Talese. Referência como um dos criadores do Novo Jornalismo, gênero que transforma a reportagem em uma narrativa, Talese é famoso por defender que um bom repórter deve "sujar os sapatos". É um grande crítico das novas tecnologias e provavelmente um dos poucos jornalistas no mundo que não utilizam e-mail. Apesar da confusão inicial, ele responde às perguntas, e em quinze minutos de conversa por telefone ele dá uma aula de jornalismo. Confira entrevista que Talese concedeu ao Trindade Times por telefone:
Trindade Times: Depois de escrever um livro sobre a história do Times, o que o senhor acha sobre a situação do jornal hoje? Ele mudou para melhor, para pior ou não mudou?
Gay Talese: Eu acho que mudou para melhor, porque as ameaças e as preocupações dos últimos anos tornaram os jornais melhores. E eu conheço o New York Times, esse é o jornal que eu leio.
TT: Então o senhor não acha que o jornalismo está em crise?
GT: Bem, não, eu não acho que esteja em crise, embora devesse estar em crise. Acho que tivemos notícias ruins há três, quatro anos e até no ano passado sobre o fato de que jornais vão ser obsoletos, coisas do passado, dinossauros, mas todas essas notícias ruins circularam nos anos passados. E eu acredito que essa crise teve um efeito positivo, fez as pessoas que trabalham em jornais, os editores e os donos de jornais fazerem um trabalho muito melhor, porque, às vezes, quando você está ameaçado, você reage com atenção. Acho que os jornais foram bastante desafiados pelo fantasma da tecnologia tornando os jornais obsoletos. Eles aprenderam com a crise.
Leia a entrevista completa no COTIDIANO.
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