sexta-feira, 29 de junho de 2012

‘A Guarânia do Engano’

 Por CHIQUI AVALOS

“A história do Brasil, vista do Paraguai, é outra”
(Millôr Fernandes)
    Como num verso célebre de meu inesquecível amigo Vinicius de Moraes, “de repente, não mais que de repente”, alguns governos latino-americanos redescobrem o velho e sofrido Paraguay e resolvem salvar uma democracia que teria sido ferida de morte com a queda de seu presidente. Começa aí um engano, uma sucessão de enganos, mentiras e desilusões, em proporção e intensidade que bem serve a que se componha uma melodiosa guarânia, mas de gosto extremamente duvidoso.
    Sucedem-se fatos bizarros na vida das nações em pleno século XXI. Uma leva de chanceleres, saídos da espetaculosa e improdutiva Rio+20, desembarca de outra leva de imponentes jatos oficiais no início da madrugada de um incomum inverno, e ─ quem sabe estimulados pela baixa temperatura ─ se comportam com a mesma frieza com que a “Tríplice Aliança” dizimou centenas de milhares de guaranis numa guerra que arrasou a mais desenvolvida potência industrial da América Latina.
    Surpresos? Não é para menos. Éramos ricos, muito ricos, industrializados, avançados, educados, cultos, europeizados, amantes das artes, dos livros, das óperas, do desenvolvimento. Nossos antepassados brilharam na Sorbonne e assinaram tratados acadêmicos, descobertas científicas ou apurados ensaios literários. A menção de nossa origem não provocava o deboche ou ironia tão costumeiros nos dias tristes de hoje, mas profunda admiração e curiosidade dos que acompanhavam nossa trajetória como Nação vencedora. Não ficamos célebres como contrabandistas ou traficantes, mas como povo empreendedor e progressista. A organização de nossa sociedade, a intensa vida cultural, o progresso econômico irrefreável, a bela arquitetura de nossas cidades, nossos museus e livrarias, a invulgar formação cultural de nossa elite, a dignidade com que viviam nossos irmãos mais pobres (sem miséria ou fome) impressionavam e merecem o registro histórico.

Leia a matéria completa. Beba na fonte.

3 comentários:

  1. O artigo, extenso, muito bem apanha uma cacalhada travestida de um socialismo de "butiquim", chama ainda mais atenção pir ser escrito por um dos apoiadores de Lugo e ferrenho crítico da direita Colorada. Ou seja, desmistifica as asneiras, sandices, patranhas ingerentes, feitas pela diplomácia latrina-americana no episódio. E recupera um pouco da bela história paraguaia conhecida por poucos brasileiros e ensinada equivocadamente em nossas escolas, onde a covardia brasileira, argentina e uruguaia, sob patrocínio da Corôa britânica, é página rasgada da memória.

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  2. Covardia é pouco!! Ao menos o povo paraguaio pode orgulhar-se de sua coragem e determinação em enfrentar os inimigos (algo inacreditável no Brasil vendido de hoje) pois perdeu mais de 98% de sua população masculina e 50% da feminina. A última "batalha", comandada pessoalmente por Conde D'Eu, for travada entre 5.000 tropas da aliança contra algumas centenas de crianças esfarrapadas e armadas de lanças e facões de madeira. Todos foram massacrados. Mas sem direito a pintura comemorativa como Riachuelo.

    BV

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  3. Sou de 25 de agosto. Tem "velhos" que lembram do meu aniversário por causa do dia do soldado. Mas só me vem a lembrança que o Brasil venceu a guerra basicamente jogando cadáveres nos rios que forneciam água aos paraguaios....

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