Começando a experimentar uma camisa no provador de uma loja em um shopping de Blumenau, ouço o seguinte diálogo:
- Entra aí Fernando, vê se ficou boa!
- Não gostei do padrão, das cores, respondeu Fernando ao amigo.
Imediatamente uma funcionária da loja avisou que não podiam entrar duas pessoas no provador.
- Mas por que?!!! Acha vamos fazer sexo aqui dentro??!!! Perguntou um dos amigos de forma um pouco ríspida.
- Ou porque somos gays?, retrucou o outro.
A funcionária respondeu que não é permitido duas pessoas nos provadores independente de serem homens ou mulheres.
Escutei a palavra "homofobia" balbuciada entre dentes por um dos rapazes e percebi que a situação poderia ter um desfecho inprevisível.
Imediatamente os clientes largaram as roupas e sairam falando palavras de ofensas para as moças da loja. As atendentes ainda comentaram comigo do temor de serem processadas por homofobia em uma situação dessas. Falou que são treinadas para agirem com extremo cuidado nestes tipo de situações.
Imediatamente me veio à cabeça as política públicas de cotas para negros, gays e outras "minorias" inventadas, segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé, pela "praga do PC". Ou seja: a Praga do Politicamente Correto.
Segundo ele, o politicamente correto é um "ramo" do pensamento da esquerda americana. Se pensarmos no contexto onde ele nasceu, veremos a ascensão social dos negros americanos no final dos anos 60. Fenômeno semelhante aos gays a partir dos anos 80. A semelhança apenas comprova a tese: assim como a ascenssão social dos negros nos anos 60, a ascensão social dos gays nos anos 80 gerou o que podemos chamar de mal-estar com relação ao mau tratamento dado aos gays na vida social comum. Se você encontra negros (ou gays) no mesmo restaurante em que vai jantar, começa a ficar feiodizer piadas desagradáveis diante deles. antes de tudo, trata-se de um problema de educação doméstica.
O fato de ter sido um fenômeno que entrou para a agenda da nova esquerda americana, a necessidade de melhores maneiras no convívio com os negros acabou por se transformar num "programa político de criação de uma nova consciência social" - mantras como esse me dão alergia, diz Pondé.
A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo o tipo de grupos de "excluídos" : mulheres, negros, gays, aborígenes, índios, marcianos...
Para o capitalismo, no caso dos gays, a inclusão é uma festa: como os gays são um grupo de grande poder aquisitivo (sem filhos, boa formação profissional, alto consumo), serem aceitos pela ordem econômica foi muito mais fácil do que aos negros.
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