Por Eduardo Guerini
A orla está tomada de viventes que orquestrados no seu hedonismo irrefreável e crescente, tendenciosamente são impelidos a superar o trauma da incompreensível destruição das expectativas do “fim do mundo” segundo a mística maia. Na falta de um abismo civilizatório qualquer, temos agora que comemorar o “final do ano de 2012”, comemorando mais um ano de grandes realizações pífias em todas as áreas brasilianas. Afinal, somos brasileiros e latinos colonizados, não desistimos nunca de nossa condição servil – uma vez colonizados sempre estaremos ajoelhados a lógica da realidade.
As notícias da mídia provinciana e seus “colonistas sociais” vão de mega engarrafamentos à mega eventos, tudo combinado com notícias importantes sobre tempo e o grande sorteio da mega-aposta da Caixa Econômica Federal . Os sonhos e desejos são elevados com a predestinação dos âncoras de jornais que fazem cálculos absurdos do tipo : “quantos jatinhos poderão ser comprados”, “quantas ilhas paradisíacas serão adquiridas” e “tantas outras fantasias típicas da idiotia compulsiva que povoa a pueril e incauta mente humana bestializada”. A tal da probabilidade estatística é algo incompreensível para os bruzundungas , afinal de contas, tudo é totalmente difícil e lindo, diria o matemático na sua equação. Não importa onde, não importa como, o futuro está chegando - um ano novo!!!
Os bruzundungas contam ansiosamente os minutos, as horas e os últimos três dias que sepultaram o trágico e incompreensível não acontecido “fim do mundo maia”, silenciosamente a preparação das festas começa pelo passeio simbólico de abastecimento de notícias sobre como se preparar em casa para as programadas baladas da virada. Em vários pontos do “sunset”, personalidades futebolísticas , artísticas e do mundo fashion participarão da mega virada de 2012, para entrada no cabalístico ano de 2013. Uma preparação espiritual e corporal requer uma concentração de estrelas para realizar os sonhos provincianos no mundo cosmopolita dos turistas bruzundangas.
Os rituais vão desde “paciência com o trânsito caótico”, “falta de sinal da telefonia”, “ausência de energia elétrica”, “ falta de água e saneamento”, mas somos um país abençoado por Deus e bonito por natureza.
As nutricionistas já começaram a recitar a propalada receita energética para os descuidados bruzundangas com sua dieta da virada – muita água de coco, comidas leves, depois, tomar um porre de felicidade , de energético e de algumas “inas” potencializadoras da pulsão libidinal incontrolável.
Nas sortidas atividades da mega virada do fim do calendário maia, não devemos esquecer o ritual sincrético dos bruzundangas brasilianos, chegar na orla (se conseguir disputar um naco da praia!!!), espocar um champã, aliás, espumante , de preferência parecendo “Veuve Clicquot”, com taças plásticas previamente adquiridas nas lojas de bugigangas de preços acessíveis (R$1,99), para depois arremessar para o alto em comemoração ao luxo e ao lixo, e, não esquecer dos “sete (não oito) pulinhos nas ondas das praias”, fazer milhares de promessas que serão lançadas para um tal de “Iemanjá”, e, esperar o espocar dos “fogos de réveillon”, pagos com tributos estaduais, municipais e federais, nos estufados cofres municipais de final de mandato. Todos os desenhos serão transformados em uma névoa de pólvora queimada que servirá para ofuscar a visão do futuro , garantindo o prazer momentâneo dos bruzundangas.
O rito musical ficará por conta de “geejeys” estrangeiros nas suas “pick-ups” eletrônicas distribuindo muita energia e felicidade. Afinal, o lema dos bruzundangas em tempo de festança é : “cola em mim que tu brilha!!!”... No som frenético de músicas que variam do “tecno-pop” ao “tecno-brega”, em danças individuais ao estilo “bonobas e bonobos” ensandecidos, com gritos tribais , estilo “uhullllll”, “ehhhhheehehhhh” , “ahhhhohhhhh”, todos identificáveis pelos símios inferiores, como danças rudimentares e comunicação em patamar idêntico, a pergunta que fica: O que você deseja para o próximo ano? A tradicional reposta é : “muita saúde , paz e felicidadeeeeeeeeeeeeee”, está não tem preço nem condições que o cartão de crédito pode oferecer. Ah, mas por favor tira uma foto para publicar no “colonista social” de plantão. Afinal, o sucesso de um bruzundangas em veraneio é momentâneo..Flashhhhhhhhhhh...
Com figuras como Marcos Bayer, Moacir Pereira e Orlando Tambosi, o blog não dura muito não! Desonram, inclusive, a presença de um Emanuel Medeiros Vieira e de um Edison Jardim.
ResponderExcluirNa verdade, com exceção da maioria dos chineses (calendário diferente), a virada é momento de uma comemoração fantasiosa praticada em todo o mundo e, em sua maioria absoluta, celebram de forma potencializada a chegada de um novo ano, repetindo-se promessas históricas as quais nunca foram cumpridas! Na maioria são grandes artistas, vez que fazem transparecer uma riqueza material inexistente ("fritam" seu crédito em razão de 3 ou 4 dias dias de festas)e, ao contrário, fazem transparecer - agora com realidade explícita - um abismo cultural regado a uma futilidade mortal! Os mais informados sabem que não há o que esperar desse tipo de massa! Por outro lado, a comemoração moderada sempre será bem vinda! Historicamente, desde seus primórdios, o ser humano sente-se melhor acreditando em algo (Deuses, magias, bruxas, iemanjás, espíritos, entre outros) e, não menos, acreditar em algo se fez necessário para várias conquistas relevantes à nossa sociedade... Problema: Os filósofos estão em extinção! Ass. Filippos Karabalis (Grego)
ResponderExcluirEssa turma do velho jornal "O Estado", baluarte do PSD, porta-voz do Aderbal Ramos da Silva, continua achando que jornalismo é o que eles praticavam na época. Risível! Eram meros instrumentos de políticas e de um jornalismo que morreu de morte morrida. Profissionalismo, hoje, é outra coisa. Coitados !!! A História é implacável.
ResponderExcluirÓtimo texto e síntese de um país de aloprados. O comentário é que fora muito dissonante...
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